Ao mesmo tempo, pediu à União Europeia (UE) que se mostre "flexível".
Apresentado na última quarta-feira como um "compromisso justo e razoável", o plano do Brexit do primeiro-ministro britânico coloca vários pontos "problemáticos", de acordo com a UE.
Entre eles, está a questão dos controles aduaneiros entre a província britânica da Irlanda do Norte e sua vizinha República da Irlanda após o Brexit, assim como o direito de veto que Londres deseja conceder à assembleia e ao Executivo da Irlanda do Norte.
Entrevistado pela emissora BBC sobre a disposição de Londres a fazer concessões neste último ponto, o ministro do Brexit, Steve Barclay, declarou que Londres pode "discutir" isso.
Barclay afirmou que o princípio de pedir o consentimento da Irlanda do Norte para estes acordos, que estabelecem uma zona de regulação de bens na ilha, é uma "questão-chave". Disse, contudo, que, "no âmbito das negociações intensivas, podemos olhar isso e discutir".
Em relação à complexidade das propostas britânicas para evitar o restabelecimento de uma fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, com uma dissociação dos controles aduaneiros e de regulamentação, "podemos entrar nos detalhes de seu funcionamento operacional", acrescentou Barclay.
O ministro do Brexit ressaltou que Londres adotou "compromissos" e pediu à União Europeia que demonstre "criatividade" e "flexibilidade" para chegar a um acordo.
"Temos que entrar em negociações intensivas com a Comissão (Europeia). Estamos dispostos a fazer isso, a trabalhar dia e noite", garantiu o ministro.
Entrevistado no domingo pela BBC, o primeiro-ministro letão, Krisjanis Karins, considerou que a celebração de um acordo "depende inteiramente da vontade de Johnson, porque, do lado europeu, estamos sempre abertos".
Nesta segunda-feira (7), serão retomadas as complexas negociações sobre o Brexit entre britânicos e europeus. o negociador-chefe do Brexit na UE, Michel Barnier, declarou ao jornal francês "Le Monde" que um acordo é "muito difícil", mas continua sendo "possível".
O plano de Johnson consiste em modificar o rejeitado Tratado de Retirada fechado em novembro pela ex-primeira-ministra Theresa May com Bruxelas: como manter aberta a fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, país-membro da UE.
O acordo de May, que os líderes europeus chamaram de "melhor possível, único possível", foi rejeitado três vezes pelos deputados britânicos.
A nova proposta não é muito diferente das primeiras versões do Tratado de Retirada: a Irlanda do Norte permaneceria no mercado único europeu no que diz respeito às mercadorias, ao contrário do restante do país. E todo Reino Unido sairia da união alfandegária europeia para poder negociar acordos comerciais com outros países.
A ideia esbarra, porém, nos mesmos obstáculos: as críticas de Bruxelas e a rejeição da oposição britânica.