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Rostos cobertos em desafio a governo


Ativistas pró-democracia de Hong Kong não se intimidaram com a proibição de uso de máscaras durante os protestos, determinada ontem pelas autoridades da ex-colônia britânica com o objetivo de desmobilizar os protestos. Em resposta à ordem, dada com base em uma lei de emergência, os manifestantes saíram às ruas com os rostos cobertos e montaram barricadas em vários pontos da área central.

Alvo de críticas, a chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, mencionou dispositivos que datam de 1922 (Emergency Ordinance Regulations), e que não eram utilizados há 52 anos, para proibir o uso de máscaras. ;Acreditamos que a nova lei terá um efeito de dissuasão nos manifestantes violentos e ajudará a polícia em sua missão de manter a ordem;, afirmou em uma entrevista coletiva.

Lam teve total apoio de Pequim, que considerou a medida extremamente necessária. ;O caos atual em Hong Kong não pode continuar indefinidamente;, disse Yang Guang, porta-voz do escritório central do governo de Hong Kong e Macau. A governante explicou que a proibição, que entrou em vigor à meia-noite, não significa que seu governo tenha declarado estado de emergência no território semiautônomo.

Algumas horas antes, milhares de cidadãos de Hong Kong se anteciparam ao anúncio de Lam e afirmaram que não respeitariam a proibição. Depois da divulgação da medida, a reação dos ativistas pró-democracia ganhou ainda mais força. Nas redes sociais, logo se multiplicaram convocações por manifestações no fim de semana.

Uma multidão invadiu as ruas do bairro Central. Dezenas de manifestantes usaram peças de plástico, pedaços de madeira e cones de trânsito para formar barricadas. Também foram erguidas trincheiras no distrito de Kowloon Tong. E centenas de pessoas com os rostos cobertos organizaram um protesto em um centro comercial de Sha Tin.

Desde junho, quando as marchas contra um projeto de extradição tiveram início, manifestantes utilizam máscaras nos protestos para evitar a identificação e a abertura de inquéritos. Alguns também usam capacetes, óculos de proteção e equipamentos para evitar o gás lacrimogêneo ou as balas de borracha da polícia.