Submetido a seu primeiro teste popular depois de chegar ao poder há quase um ano, o governo de Adel Abdel Mahdi acusou "agressores" e "sabotadores" de "terem causado vítimas deliberadamente".
Os protestos continuaram no início da noite, e o governo anunciou o fechamento da chamada Zona Verde, no centro da capital, onde ficam os ministérios e as embaixadas.
Nesta quarta-feira, segundo constataram jornalistas da AFP, houve disparos nas manifestações organizadas nos bairros de Al-Shaab, ao norte da capital, e Zaafaraniya, no sul.
Os protestos se estenderam a outras províncias. Seis manifestantes e um policial morreram na cidade de Naritiya e os demais em Bagdá.
Essas manifestações não têm partido, nem líder religioso, e são motivadas pela deficiência dos serviços públicos e pelo desemprego.
Os protestos foram dispersos à força: primeiro, com jatos d;água; depois, com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
O principal líder xiita, Moqtada Sadr, pediu nesta quarta-feira "protestos pacíficos e uma greve geral" para aumentar a pressão.
Sadr foi o principal incentivador das revoltas de 2016, que paralisaram o governo.
- Anos de reclamações -
Em Zaafaraniya, o jornaleiro Abdullah Walid, de 27 anos, disse à AFP que saiu às ruas nesta quarta "em apoio aos irmãos na Praça Tahrir", fechada pelas forças de segurança.
"Queremos empregos, melhores serviços públicos. Exigimos isso há anos e o governo nunca nos respondeu", justificou, contrariado, em uma rua onde veículos blindados estão estacionados.
Mohamed al-Juburi, que também trabalha como jornaleiro, reclama da situação, em meio às colunas de fumaça preta que sobem dos pneus queimados no bairro de Al-Shaab.
"Nenhum Estado ataca seu povo como este governo. Somos pacíficos e eles atiram em nós", lamentou.
No dia anterior, na capital, a polícia usou suas armas contra os manifestantes. Dois deles morreram, e mais de 200 ficaram feridos. Uma terceira pessoa, atingida na dispersão do protesto, não resistiu aos ferimentos e faleceu nesta quarta-feira.
O presidente do Iraque, Barham Saleh, pediu no Twitter que as manifestações sejam pacíficas e que a polícia "proteja os direitos dos cidadãos".
"Nossos jovens querem reformas e querem trabalho. É nosso dever satisfazer esses desejos legítimos", disse o chefe de Estado.
A representante da ONU no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, mostrou-se "muito preocupada" com essa tensão nas ruas e pediu às autoridades que "ajam com moderação".
O Iraque, que viveu anos de guerra desde 2003 e teve de enfrentar grupos insurgentes islâmicos, está devastado pela corrupção e pelos combates e sofre anos de escassez crônica de energia elétrica e água potável.
Essas manifestações denunciam especialmente a classe política do 12; país mais corrupto do mundo, segundo ranking da ONG Transparência Internacional.