Foi o primeiro-ministro interino, Benjamin Netanyahu, no poder desde 2009, quem recebeu inicialmente do presidente Reuven Rivlin a missão de tentar formar o próximo governo de Israel. Desde a eleição da terça-feira passada, o país aguardava a sinalização de Rivlin sobre quem teria a primazia para tentar superar o impasse político persistente desde a eleição de abril. O Likud, partido direitista de Netanyahu, elegeu 32 dos 120 deputados da Knesset (parlamento). Ficou atrás do Kahol Lavan (;azul e branco;, as cores da bandeira israelense), a legenda centrista do general Benny Gantz, que conquistou 33 cadeiras. Nos últimos dias, os dois vencedores da eleição abriram negociações para uma coalizão de ;união nacional;, mas elas esbarram por ora na recusa de Gantz a integrar um governo com o rival, alvo de três acusações de corrupção .
Com os aliados direitistas e religiosos, Netanyahu pode reunir de saída 55 parlamentares, contra 54 que apoiam Gantz. Ambos os líderes ficam aquém das 61 cadeiras que compõem a maioria na Knesset, mas a avaliação do presidente foi de que Bibi, como é chamado pelos israelenses, reúne as melhores condições para negociar uma coalizão capaz de formar um governo estável. ;Quem tem mais chances é Netanyahu, apoiado por 55 deputados, enquanto Gantz tem apenas 54, mas 10 deles anunciaram que não participariam do governo;, disse Rivlin à imprensa, ao lado do escolhido. Ele se referia aos deputados eleitos pela Lista Unida dos partidos árabes-israelenses, que formam a terceira maior bancada e declararam apoio ao general, mas não se comprometeram a integrar o gabinete.
Revezamento
;Farei tudo que estiver ao meu alcance para formar um governo de unidade, com uma direção conjunta;, disse Netanyahu. Ele voltou a acenar com a ideia de um acordo com Gantz, na base de um revezamento entre os dois no posto de primeiro-ministro, ao defender ;uma liderança conjunta, um governo paritário;, com ;duas pessoas no comando;. A fórmula repetiria a ;união nacional; entre o Likud e o Partido Trabalhista, entre 1984 e 1992, com revezamento entre os respectivos líderes, Yithak Shamir e Yitzhak Rabin.
A resposta inicial de Gantz, porém, sugere que Netanyahu terá dificuldades para costurar um acordo com os centristas. ;O partido Azul e Branco, que eu dirijo, não aceitará participar de um governo com um líder que enfrenta uma grave acusação;, afirmou o general, em comunicado. Durante a campanha, ele colocou como centro de sua proposta a ideia de ;resgatar a honradez; do cargo de primeiro-ministro, menção à difícil situação legal do rival, que poderá se tornar réu em três processos, no mês que vem ; a menos que goze de imunidade, como chefe do governo.
Na ausência de um acordo entre as duas principais forças políticas, a opção de cada um dos dois blocos para compor maioria se resume a obter o apoio dos oito deputados eleitos pelo partido ultranacionalista Yisrael Beiteinu, do ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman. Em abril, ele se tornou pivô do impasse político ao romper com Netanyahu, por conta de disputas com os partidos religiosos que integram o bloco liderado pelo Likud.
Na reação inicial aos resultados da terça-feira passada, Lieberman afirmou que só aceitaria participar de um governo com os dois partidos maiores. Rejeitou explicitamente a possibilidade de integrar uma coalizão com os ultraordoxos, mas igualmente rejeitou um acordo com o bloco de Gantz, por incluir os partidos árabes.
Caso Bibi não consiga compor maioria, Gantz poderá ser convocado pelo presidente, mas enfrentaria dificuldades simétricas. Sua maior possibilidade seria um acordo com o Likud precedido pela saída de Netanyahu da liderança ; opção que, até ontem, parecia carta fora do baralho.
Farei tudo que estiver no meu alcance para formar um governo
de unidade, com uma direção conjunta;
Benjamin Netanyahu, premiê interino de Israel
;O partido Azul e Branco, que eu dirijo, não aceitará participar de um governo com um líder que enfrenta uma grave acusação;
Benny Gantz, líder do partido centrista Kahol Lavan