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Juiz federal intima Cristina



Para a ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner, a vitória em 27 de outubro vale também a imunidade contra um punhado de acusações de corrupção pelas quais é investigada pelo juiz federal Claudio Bonadio ; uma versão argentina de Sérgio Moro, pelo ponto de vista da liderança peronista. Na última sexta-feira, ele determinou que Cristina compareça a uma audiência para responder sobre o mais rumoroso dos casos, batizano de ;cadernetas da corrupção;.

A iniciativa faz parte de um enfrentamento quase pessoal entre o magistrado e a ex-presidente, que tem tudo para se tornar a próxima vice-presidente. O Congresso bloqueou, até o momento, as investidas de Bonadio para suspender a imunidade parlamentar de Cristina, e a líder peronista aposta suas fichas em manter a proteção por uma bancada leal, capaz de brecar a instauração de processo contra a senadora.

O escândalo das ;cadernetas; se baseia nas denúncias de um ex-motorista do Ministério do Planejamento. Ele alega ter feito o pagamento de propinas de empresários para altos funcionários do governo de Néstor Kirchner, o falecido marido e antecessor da hoje candidata a vice. Néstor ocupou a Casa Rosada entre 2003 e 2007. O esquema, envolvendo a maior parte das construtoras da Argentina, teria se prolongado durante os dois mandatos de Cristina, de 2007 a 2015. Ao todo, os subornos somariam US$ 160 milhões.

Cadernetas

Bonadio sustentou o pedido de licença para processar a ex-presidente nas cadernetas entregues à Justiça pelo ex-motorista. Nelas, estariam anotados os destinatários de pagamentos em espécie, feitos em dólares. O ex-funcionário sustenta que anotou, sistematicamente, as visitas que fez, os funcionários de governo e empresários envolvidos e as quantias que entregou. Entre os citados está Gianfranco Macri, irmão do atual presidente, que respondia por uma das empresas do conglomerado da família.

Cristina Kirchner é investigada pelo juiz Bonadio em mais seis casos de corrupção. Em um deles, relacionado à lavagem de dinheiro em hotéis de propriedade da família, são acusados também os filhos Máximo e Florencia.