Neste ano, um estudo publicado na Science Advances foi além dos dados observacionais e conseguiu relacionar diretamente a periodontite com o Alzheimer. Pesquisadores norte-americanos, australianos e europeus descobriram, no cérebro de pessoas com esse tipo de demência, a bactéria Porphyromonas gingivalis, extremamente maléfica e presente na boca de quem tem doença periodontal.
Analisando o tecido cerebral de pessoas mortas com e sem Alzheimer e idades aproximadas quando faleceram, a equipe constatou que o patógeno agressivo era mais comum no primeiro caso, o que foi confirmado pela ;impressão digital; do DNA da P. gingivalis nas amostras e pela presença das principais toxinas da bactéria, as gengivinas, no cérebro de quem teve demência.
Depois, os cientistas voltaram a pesquisar a relação do micro-organismo com o Alzheimer; dessa vez, em modelos animais. A ideia era entender como o patógeno chegava ao cérebro, ajudando a provocar os danos que levam à neurodegeneração. Eles descobriram que a P. gingivalis consegue migrar da boca para o cérebro e que, para evitar que a bactéria libere toxinas no órgão, é possível bloqueá-la com substâncias químicas que interagem com as gengivinas.
Um desses compostos, o COR388, está sendo usado em um estudo clínico de fase 1 para combate do Alzheimer. Mas Jan Potempa, professor da Universidade de Louisville e um dos autores do artigo, ressalta a importância de fazer a prevenção, especialmente nos casos de quem tem suscetibilidade genética à doença. ;A higiene oral é muito importante por toda a vida. Não apenas para ter um sorriso bonito, mas para reduzir o risco de muitas doenças sérias;, ressalta. (PO)
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