Nem mesmo o almoço de trabalho entre o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foi suficiente para descartar o cenário de um Brexit sem acordo, a 45 dias da fatídica data. Por volta das 16h30 de ontem (hora de Brasília), o premiê do Reino Unido tornou a avisar, por meio do Twitter: ;Nós deixaremos a União Europeia (UE) em 31 de outubro, com ou sem acordo;. Em um comunicado divulgado depois do encontro em Luxemburgo, ;o presidente Juncker recordou que cabe ao Reino Unido apresentar soluções juridicamente operacionais compatíveis com o acordo de retirada;. ;Estas propostas ainda não aconteceram;, afirma a nota.
Depois do almoço com Juncker, o primeiro-ministro britânico se reuniu com o colega luxemburguês, Xavier Bettel. Na sequência das duas reuniões, Johnson voltou a afirmar que existe uma ;boa possibilidade; de alcançar um acordo de divórcio com a UE. Ele frisou, no entanto, que qualquer acerto ;requer movimento; por parte do bloco. O chefe de governo britânico cancelou a participação em uma entrevista coletiva com Bettel por causa de uma manifestação contra o Brexit que ocorria muito perto do local da reunião.
Quase 52% dos eleitores britânicos votaram a favor do Brexit em um referendo realizado em junho de 2016. Três anos depois, porém, o Reino Unido segue sem encontrar a maneira de concretizar o primeiro divórcio na história do projeto europeu, após 45 anos de adesão ao bloco.
A última barreira no divórcio continua sendo a ;salvaguarda irlandesa; (backstop), um mecanismo de último recurso que busca evitar uma fronteira para produtos entre Irlanda, país da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte, após o Brexit. A antecessora de Johnson no número 10 de Downing Street, Theresa May, estabeleceu com a UE que o mecanismo entraria em vigor ao fim de um período de transição pós-Brexit, se Bruxelas e Londres não alcançarem uma alternativa melhor no âmbito de um eventual acordo de livre-comércio.
O Parlamento britânico rejeitou três vezes, porém, o acordo concluído em novembro, em parte pela salvaguarda, que impediria o Reino Unido de negociar acordos comerciais com países terceiros, por continuar dentro de uma união alfandegária com a UE. Jonhson alertou que não aprovará um novo acordo, caso o mecanismo permaneça no texto. E, embora o Parlamento tenha solicitado, ele se recusa a pedir nova prorrogação do Brexit.