Fotos publicadas na quinta-feira nas redes sociais mostram o presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, ao lado de dois membros de um organização criminosa da Colômbia, denominada Los Rastrojos, em ponto indefinido no trajeto até a fronteira entre os dois países.
Funcionários do governo venezuelano têm usado as fotografias como prova de que a entrada de Guaidó na Colômbia, em fevereiro, foi orquestrada com o auxílio de criminosos, provocando uma crise para a oposição venezuelana e para o presidente da Colômbia, Iván Duque.
Guaidó e Duque acusam o presidente Nicolás Maduro de ceder território venezuelano para a atuação de milícias como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN). No entanto, o grupo Los Rastrojos é o que os colombianos chamada de "Bacrim" (bando criminoso). Eles foram criados a partir do cartel Norte del Valle - que por sua vez surgiu do cartel de Cali.
Na ocasião em que as fotos foram tiradas, Guaidó se deslocava para um evento na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela. Um empresário britânico organizou na cidade um show beneficente para arrecadar fundos e ajuda humanitária para os venezuelanos. Guaidó esteve presente, ao lado de Duque, do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, e do presidente do Chile, Sebastian Piñera.
Como a fronteira estava fechada, por ordem de Maduro, Guaidó teve de sair por uma rota alternativa - aparentemente, dominada pelo narcotráfico. No entanto, ontem, Guaidó negou manter vínculos com criminosos colombianos e afirmou: "Era difícil saber quem me pedia fotos".
Segundo o líder opositor, durante a travessia entre a Venezuela e a Colômbia, ele teve de desviar de diversos bloqueios das autoridades e "muitas pessoas pediram para tirar fotos". Nas imagens, ele aparece ao lado de John Jairo Durán Contreras, conhecido como "Menor", e de Albeiro Lobo Quintero, apelidado de "Brother". Ambos foram presos em Cúcuta, em junho.
Duque disse que está satisfeito com as explicações de Guaidó. "O que Juan Guaidó fez é titânico. Por isso, além das explicações que ele deu, que me parecem satisfatórias, o que precisamos reiterar é nosso apoio irrestrito ao povo da Venezuela, para que eles recuperem rápido sua liberdade."
A difusão das fotografias levou à abertura de um processo contra Guaidó, o quinto este ano. O procurador venezuelano, Tarek Saab, considerou a justificativa de Guaidó "impensável" e afirmou que ele e o seu entorno "mantêm relação com grupos criminosos". (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.