O premiê britânico, Boris Johnson, negou ontem ter mentido para a rainha Elizabeth II sobre as razões que motivaram a medida que suspendeu o funcionamento do Parlamento do Reino Unido por cinco semanas, às vésperas do Brexit. A suspensão até 14 de outubro - que, segundo o porta-voz, ocorrerá independentemente do resultado da votação - provocou uma onda de indignação quando foi anunciada por Johnson, acusado de tentar conduzir o país para um Brexit sem acordo.
O poder para suspender o Parlamento é da rainha, que, segundo o costume britânico, age sob recomendação do premiê. Johnson foi bastante pressionado ontem em razão de um tribunal da Escócia ter considerar a suspensão ilegal. A Suprema Corte do Reino Unido julgará a questão na terça-feira. "Absolutamente não. Não menti", declarou o premiê.
Johnson se reuniu com a rainha no dia 28. Na ocasião, ele disse que não queria esperar até depois do Brexit - marcado para 21 de outubro - e precisava de um recesso mais longo para preparar um plano para financiar o sistema de saúde do Reino Unido e combater a criminalidade.
Ele também afirmou que haveria "tempo suficiente" para os parlamentares debaterem o Brexit após a retomada das atividades. No entanto, a oposição reclama que, com a suspensão mais longa, os parlamentares passaram a ter menos de 20 dias para tentar impedir uma separação da União Europeia sem um acordo comercial.
Esta semana, antes que os trabalhos do Parlamento fossem encerrados, os deputados aprovaram uma lei contra a saída do Reino Unido sem acordo e rejeitaram a moção de Johnson para antecipar as eleições - o premiê britânico, que assumiu em julho, perdeu todas as seis votações levadas ao plenário.
Na prática, o primeiro-ministro está obrigado a pedir uma extensão do prazo para o Brexit se nenhum acordo for fechado até 19 de outubro. Johnson afirmou, no entanto, que não pediria adiamento de prazo. O desacato ao Parlamento pode até levar o premiê à prisão, segundo juristas britânicos.
Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, John Bercow, prometeu impedir a qualquer custo que Johnson descumpra a lei. "Se eu fui vagamente ambíguo até agora, então me permitam deixar claro uma coisa. A única forma de Brexit que teremos, seja ela qual for, será um Brexit que tenha apoio explícito do Parlamento", disse Bercow durante um encontro de constitucionalistas em Londres. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.