Com o movimento dividido depois da tentativa frustrada de secessão em 2017, cerca de 600 mil separatistas da Catalunha saíram às ruas de Barcelona, semanas antes da decisão judicial contra seus líderes. De acordo com o jornal espanhol El País, a marcha teve a menor participação popular dos últimos sete anos. No ano passado, as autoridades estimaram em 1 milhão o número de manifestantes. O protesto marcou a chamada Diada de 11 de setembro, feriado regional da Catalunha que lembra a queda de Barcelona em 1714 diante das tropas do rei Felipe V, em meio à guerra da sucessão espanhola.
Sob o slogan ;Independência objetiva;, a manifestação ocorreu na Plaza España, em Barcelona, e teve início às 17h14 (12h14 em Brasília) com gritos em prol dos ;prisioneiros políticos;. Neste ano, a concentração foi afetada pelo desencanto em parte do independentismo e pela divisão dos partidos catalães. Dois anos depois de organizar um referendo ilegal de autodeterminação e proclamar uma efêmera república catalã, o separatismo mantém o poder regional, mas meio sem rumo. Seus principais líderes estão presos ou no exterior, e as discrepâncias se multiplicam internamente sobre as estratégias a seguir.
Muitos catalães se dizem decepcionados com os dirigentes do movimento e resolveram se ausentar das manifestações. Os dirigentes pediram que compareçam principalmente com a aproximação do anúncio da sentença contra os 12 líderes separatistas julgados no Tribunal Supremo e que deve ser emitida em outubro. Alguns estão há quase dois anos em prisão preventiva. Nove são processados por rebelião e correm o risco de duras penas, de até 25 anos para o ex-vice-presidente regional Oriol Junqueras.
O ex-presidente catalão Carles Puigdemont, refugiado na Bélgica, tentou demonstrar otimismo. ;Hoje, ensinaremos ao mundo que persistimos, apesar da repressão;, escreveu no Twitter. O lugar de Puigdemont foi ocupado por um fiel escudeiro, Quim Torra, o qual advertiu que uma condenação dos dirigentes levaria a ;uma nova etapa até culminar a independência;. Os dois, com sua formação Juntos pela Catalunha, defendem o reinício do ;confronto; com o Estado.
Por outro lado, seus aliados da Esquerda Republicana (ERC), liderados da prisão por Oriol Junqueras, promovem o diálogo com o governo espanhol e uma estratégia de moderação desde que não consigam obter uma maioria sólida para a secessão (nas últimas eleições regionais obtiveram 47% do total dos votos). Ontem, houve momentos de tensão em frente ao Parlamento regional catalão, quando entre 200 e 300 jovens lançaram garrafas, pedras e latas em direção à polícia catalã, que os dispersou.