Pouco mais de dois meses depois da divulgação de um duro relatório sobre violações de direitos humanos na Venezuela, a Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a carga contra o governo de Nicolás Maduro, assinalando que, longe de a situação melhorar, houve recrudescimento nas ações. Ao discursar ontem, em Genebra, a alta comissária Michelle Bachelet denunciou novos 57 casos de ;possíveis execuções extrajudiciais; apenas no mês de julho. A chilena também citou o aumento de episódios de ;torturas e maus-tratos; de detentos no país.
;Meu escritório continuou documentando casos de possíveis execuções extrajudiciais cometidas por membros das Forças de Ação Especiais da Polícia Nacional, conhecidas como Faes, em alguns bairros do país;, afirmou a ex-presidente do Chile, durante 42; sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em referência à tropa de elite venezuelana. Bachelet indicou ainda que o comissariado documentou casos de tortura e maus-tratos, ;tanto físicos como psicológicos, de pessoas arbitrariamente privadas de sua liberdade, em particular de militares;.
Em contraposição a essas denúncias, Michelle Bachelet observou que o governo de Nicolás Maduro cumpriu a libertação de 83 pessoas, incluindo ;aquelas cuja detenção havia sido considerada abusiva pelo Grupo de Trabalho de Detenção Arbitrária;.
No primeiro relatório, apresentado em 5 de julho, Bachelet havia denunciado a ;erosão do Estado de direito; na Venezuela, advertindo que as sanções internacionais agravavam a crise no país. Na ocasião, a chilena foi alvo de protestos de Maduro e de seus seguidores, que realizaram uma manifestação em Caracas contra o relatório da ONU. ;O povo venezuelano se mobiliza para expressar sua esmagadora rejeição às mentiras e manipulação;, escreveu o presidente em uma rede social.
Impactos
No documento divulgado ontem, Michelle Bachelet, que visitou a Venezuela em junho, reiterou o diagnóstico. ;A situação dos direitos humanos continua afetando milhões de pessoas na Venezuela e com claros impactos desestabilizadores na região;, assinalou, antes de destacar que a economia ;atravessa o que poderia ser o episódio hiperinflacionário mais agudo que a América Latina já experimentou;.
De outro lado, Bachelet criticou ;ações recentes; com o objetivo de aprovar uma lei que ;tipifica como crime as atividades das organizações nacionais de direitos humanos que recebem recursos do exterior;. Ela advertiu que, ;se aprovada e aplicada, essa lei reduzirá ainda mais o espaço democrático;.
A representante das Nações Unidas insistiu, ainda, que as sanções do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o governo de Maduro contribuem para ;agravar a situação humanitária; do país. Ao mesmo tempo, também em Bruxelas, o representante especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliott Abrams, acusou a União Europeia (UE) de demora na adoção de sanções contra autoridades venezuelanas e de se tornar um ;complexo turístico; para elas.
;Meu escritório continuou documentando casos de possíveis execuções extrajudiciais cometidas por membros das Forças de Ação Especiais da Polícia Nacional, conhecidas como Faes, em alguns bairros do país;
Michelle Bachelet, alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos