Enquanto a crise política no Reino Unido parece longe do fim, a Itália respira aliviada. Um mês depois de o governo implodir com o fim da aliança entre a ultradireitista Liga, do então ministro do Interior Matteo Salvini, e o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema), um novo gabinete foi anunciado em Roma. O Partido Democrata (PD) e o M5E conseguiram forjar um governo composto de sete mulheres e 14 homens (veja o quadro).
O primeiro-ministro demissionário Giuseppe Conte foi reconduzido ao cargo. ;Levando-se em conta um programa orientado para o futuro, dedicaremos nossas energias, competência e paixão para tornar a Itáia melhor pelo interesse de todos os cidadãos;, declarou Conte, ao apresentar os seus ministros à imprensa. O novo governo prestará juramento às 10h de hoje (5h em Brasília), no Palácio del Quirinal, sede da Presidência. Ele precisará se submeter a uma votação de confiança em ambas as Câmaras do Parlamento.
Em entrevista ao Correio, Angelo D;Orsi, historiador da Universidade de Torino, qualificou o governo de ;estranho;. ;Alguém o chamou de ;psicodélico;. Ele nasceu de uma maneira absurda: com dois partidos hostis entre si, mas que, na verdade, têm mais pontos de contato político do que a coalizão Liga-M5E. Pode ser definido como um governo de normalização, que abandona as ambições ;revolucionárias; e afeta a ansiedade do PD em retornar ao poder e a do M5E de não se afastar dele;, disse.
Para o especialista italiano, o acordo parece ter sido costurado às custas do PD, que acabou reduzindo todas as suas demandas, enquanto o M5E impôs as próprias condições. ;A política italiana está repleta de surpresas. Salvini cometeu um gigantesco erro de avaliação que revelou uma capacidade política muito miserável. Mas há milhões de italianos que se identificam com ele. Se Salvini ainda não representa essa parcela da população, outros tomarão o lugar dele. O fascismo conhece muitas faces;, afirmou D;Orsi.
No novo governo, a pasta das Relações Exteriores ficará com Luigi Di Maior. Aos 33 anos, líder do M5E será o chanceler mais jovem da história da Itália. O Ministério do Interior, que pertencia a Salvini, agora ficará com Luciana Lamorgese, ex-secretária de Segurança de Milão, sem partido.
Quem é quem no ministério
O Executivo terá sete mulheres e 14 homens. Veja as principais pastas:
Primeiro-ministro: Giuseppe Conte (independente)
Relações Exteriores: Luigi Di Maio (Movimento 5 Estrelas, antissistema)
Economia e das Finanças: Roberto Gualtieri (Partido Democrata)
Interior: Luciana Lamorgese (sem partido)
Defesa: Lorenzo Guerini (Partido Democrata)
Saúde: Roberto Speranza (LEU ; Livres e Iguais, de esquerda)
Infraestrutura e Transportes: Paola De Michaeli
Trabalho: Nuncia Catalfo
Cultura: Dario Franceschini