Irã e três países europeus, Reino Unido, França e Alemanha, discutem há alguns dias as formas para salvar o acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, ameaçado desde que o governo dos Estados Unidos se retirou unilateralmente do pacto em maio de 2018.
Os esforços foram liderados pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que tenta convencer Washington a conceder a Teerã algum tipo de alívio das sanções impostas desde que abandonou o acordo.
"Não acredito que alcançaremos um acordo hoje, ou amanhã, o que significa que começaremos a terceira etapa, da qual anunciaremos os detalhes hoje, ou amanhã", declarou Rohani em uma reunião de gabinete.
O presidente iraniano disse ainda que as partes estão próximas de um acordo sobre a maneira de resolver alguns pontos delicados.
"Se, no passado, estávamos em desacordo sobre 20 temas com os europeus, hoje há três temas. Muitos foram resolvidos, mas não alcançamos um acordo final", afirmou.
O presidente iraniano havia declarado na terça-feira aos deputados que "a terceira fase de redução" dos compromissos do país aconteceria, como previsto, "nos próximos dias", exceto se as outras partes adotassem uma medida "importante".
O Irã adotou medidas em duas ocasiões para responder à saída dos Estados Unidos do acordo de 2015, que oferecia a Teerã uma suspensão parcial das sanções internacionais em troca de uma desaceleração do programa nuclear.
Em 1; de julho, o regime iraniano anunciou o aumento das reservas de urânio enriquecido além do limite de 300 quilos estabelecido pelo acordo. Uma semana depois revelou que superou a barreira de 3,67% na pureza de suas reservas de urânio.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou em 30 de agosto que as reservas de urânio do Irã eram de 360 quilos e que quase 10% tinham sido enriquecidos a 4,5%.
Rohani não entrou em detalhes, mas afirmou que a próxima fase é "extremamente importante".
"Este passo é o mais importantes que já demos e os efeitos serão excelentes. E, se Deus quiser, com este passo a Organização de Energia Atômica (do Irã) acelerará os processos", completou.
Crédito do petróleo
Citado pela agência oficial de notícias Irna, o vice-ministro das Relações Exteriores, Abas Araghchi, afirmou que o país está disposto a retornar a uma aplicação total do acordo sobre o programa nuclear em troca de uma linha de crédito de 15 bilhões de dólares, atualmente negociada com os europeus.
Araghchi expressou dúvidas, porém, sobre a possibilidade de um acordo para o plano dentro do prazo estabelecido pelo Irã para o alívio das sanções.
"O Irã voltará a aplicar completamente o JCPOA (acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano) somente se puder vender seu petróleo e se beneficiar plenamente das receitas dessas vendas", afirmou.
"A proposta francesa vai neste sentido", completou o vice-chanceler.
Araghchi descartou uma renegociação do acordo de Viena, mas disse que o Irã está disposto a discutir como implementá-lo de modo mais eficiente.
O acordo sobre o programa nuclear de 2015 foi assinado pelo Irã e pelo grupo P5%2b1: os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos - e a Alemanha.