O valor indicado na balança não deve ser o único alerta de que os anos a mais de vida correm perigo. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a análise de toda a composição corporal ; considerando gordura, músculos e ossos ; é uma estratégia preventiva melhor. ;O idoso obeso e com pouco músculo é o que mais morre. Esses são os casos que preocupam, quando há a chamada obesidade com sarcopenia;, explica Rosa Maria Rodrigues Pereira, professora de reumatologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora da pesquisa, divulgada, em julho, no Journal of Bone and Mineral Research.
A equipe analisou 839 voluntários que tinham, em média, 65 anos. Os participantes foram submetidos a um exame de densitometria, que avalia a composição corporal, no início da pesquisa e cinco anos depois. A principal descoberta é que a perda de músculos é o fator de risco que mais aumenta a mortalidade. No caso das mulheres, o risco é quase 63 vezes maior quando elas apresentam pouca massa muscular nos braços e nas pernas. No caso dos homens, 11,4 vezes maior.
A líder da pesquisa frisa que os membros avaliados são os mais utilizados por idosos em atividades do dia a dia. ;Para atravessar uma rua, se proteger e evitar uma queda, se levantar de uma cadeira;, ilustra Rosa Pereira. ;Por isso, os idosos são estimulados a fazer exercícios físicos que reforcem essas musculaturas.;
Barriga
A análise mostrou ainda que homens devem ficar atentos ao excesso de gordura acumulada na barriga. Nesse caso, o risco de morrer é duas vezes maior a cada aumento de seis centímetros quadrados na adiposidade abdominal. ;Independentemente do sexo, a principal dica é fazer exercícios, que têm benefício duplo: podem aumentar a musculatura e ajudar na perda de peso;, frisa a pesquisadora.
Aos 76 anos, Flávio Augusto Gomes segue a dica religiosamente. São 20 minutos diários de bicicleta logo após o café da manhã. ;Não tinha o hábito de andar de bicicleta quando era mais novo. Eu trabalhava muito, era uma correria. Nunca fui gordo, mas, agora, tenho que cuidar;, conta o engenheiro aposentado. Os exercícios são feitos no centro geriátrico Longevitá, onde Flávio vive.
O gaúcho de Tupanciretã recebe também acompanhamento nutricional. ;Gosto de tudo que é doce, mas só como os dietéticos. É por isso que estou assim, disposto, não preciso de ajuda para caminhar, não caio;, orgulha-se. As outras atividades do centro, como passeios culturais, aulas de dança e fisioterapia em grupo, ajudam Flávio a manter mente e corpo ativos. ;Folga mesmo, só no fim de semana. É melhor assim;, aconselha. (CS)
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