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Ressaca na Alemanha

Políticos de cinco dos seis partidos representados no Bundestag (parlamento federal da Alemanha) tratavam ontem de analisar os resultados dramáticos das eleições em dois estados do leste do país, integrantes da hoje extinta Alemanha Oriental comunista. Em Brandenburgo e na Saxônia, a Alterativa para a Alemanha (AfD, extrema direita) mais do que dobrou a votação, em ambos os casos garantindo a segunda colocação e desbancando legendas tradicionais. Embora vetada pelos demais como possível parceiro de coalizão, a AfD saiu das urnas como a grande vencedora, destinada a liderar a oposição ; como já faz no Bundestag, onde tem a terceira maior bancada.

A revista Der Spiegel, principal semanário do país, classificou os resultados como ;um terremoto político; e proclamou: ;Este domingo mudou a Alemanha;. Aos dois grandes partidos do pós-guerra, que formam o governo federal de coalizão, restou o consolo de se manter como a principal força política onde já comandavam o governo ; mas diante de um quadro que tornará mais difícil a recomposição de maioria parlamentar.

A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler (chefe de governo federal) Angela Merkel, venceu na Saxônia, com 32,7% dos votos, mas perdeu mais de sete pontos em relação à eleição anterior. A AfD, ao contrário, saltou do patamar de 10% para 27,5%. O Partido Social Democrata (SPD), sócio menor na coalizão federal, manteve a maior bancada em Brandenburgo, com 26,2%, mas viu a extrema direita ganhar 11 pontos e chegar a 23,5%. Em ambos os estados, só haverá maioria incluindo na coalizão os Verdes, único partido que cresceu nas urnas, além da AfD.

;A extrema direita não vai ser parte de nenhum governo, mas vai obrigar quase todos os demais a se unirem em coalizões;, explica Tanjev Schultz, estudioso do tema na Universidade Johannes Gutemberg, em Mainz. ;Assim, ficam menos visíveis as diferenças entre eles, e se torna ainda mais fácil para a ultradireita apresentar-se como a única alternativa política.;