Jorge Bergoglio, que conheceu de perto as cidades miseráveis da Argentina, também espera expressar sua proximidade a uma das regiões mais desfavorecidas do planeta, vítima de catástrofes sanitárias, mudanças climáticas e instabilidade.
O "papa dos pobres", que fará sua segunda viagem pontifícia à África subsaariana entre os dias 4 e 10 de setembro, permanecerá nas capitais dos três países.
Uma decepção para os moçambicanos que vivem na precariedade em Beira (centro), a segunda cidade do país e que sofreu em março a passagem do ciclone Idai, que deixou 600 mortos e milhares de pessoas desabrigadas.
Seis meses depois, muitos dos afetados ainda não têm teto e comida.
"Eu esperava que o papa pisasse em Beira", reconheceu Maria da Paz, uma moradora católica de 45 anos desta cidade.
"Embora eu só possa ir à capital, meu coração se une a vocês e abraça a todos, especialmente aqueles que vivem em dificuldades", disse o papa em uma mensagem em português dirigida aos moçambicanos.
Nota de esperança
Por ocasião da visita do papa a este país de maioria cristã, o governo dedicou, apesar da situação, 300 mil euros para os preparativos, segundo o ministro das Relações Exteriores José Pachecho.
A visita ocorre um mês após a assinatura de um tratado histórico de paz entre o governo e a Renamo, a antiga rebelião reconvertida no principal partido da oposição. A guerra civil entre as duas partes terminou há 27 anos, mas a Renamo nunca se desarmou completamente.
Em sua mensagem em vídeo, o papa pediu um reforço da "reconciliação fraterna em Moçambique e na África, a única esperança para uma paz sólida e duradoura".
"O papa levará uma nota de esperança aos habitantes, que voltarão a erguer a cabeça", desejou o bispo de Pemba (norte), Luiz Fernandes.
"Ele falará sobre conflitos, sobre a necessidade de unir o mundo inteiro, forças do governo e sociedade civil", previu. "Certamente falará em compartilhar a riqueza, em justiça social. Porque não há paz sem justiça social".
Francisco passará mais tempo em Madagascar, um dos países mais pobres do planeta, onde três quartos dos habitantes vivem com menos de dois dólares por dia.
O papa, que falará a trabalhadores de uma pedreira, é aguardado ansiosamente na Grande Ilha, de maioria cristã.
"Prevemos que 800 mil pessoas assistirão à grande missa celebrada pelo papa", disse o reverendo Gabriel Randrianantenaina, secretário coordenador da conferência episcopal local.
Para a cerimônia, cerca de 60 hectares de terra foram preparados na parte norte da capital, onde as forças de segurança estarão preparadas para evitar uma possível avalanche, algo que já aconteceu no passado com um saldo mortal.
O papa concluirá sua viagem com uma visita relâmpago à ilha Mauríco, uma democracia estável localizada a leste de Madagascar. O bispo espera recebê-lo como um "peregrino ambiental" e começou a plantar em sua homenagem cerca de 200 mil árvores.
Esta pequena república, de maioria hindu (52%), mas com importantes minorias cristã (30%, principalmente católicas) e muçulmana (18%), espera celebrar sua diversidade cultural e religiosa.
"Não será uma visita do papa católico, mas ao povo mauritano em toda a sua diversidade religiosa", disse o cardeal Maurice Piat, bispo de Port-Louis. O papa João Paulo II visitou esses três países há cerca de trinta anos.