Na gravação postada na quinta-feira (29) em um canal do YouTube, Márquez, vestido de verde militar e acompanhado por Jesus Santrich, um fugitivo da justiça, enfatiza: "Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia (berço histórico da rebelião armada) começou sob proteção do direito universal que ajuda todos os povos do mundo a se levantarem contra a opressão".
Nas selvas do sudeste da Colômbia, o ex-negociador da paz também acrescentou que seu anúncio é a "continuação da luta de guerrilha em resposta à traição do Estado aos acordos de paz de Havana".
Este acordo levou ao desarmamento de cerca de 7.000 homens e mulheres em 2017.
Márquez, Santrich e Hernán Darío Velásquez, também conhecido como El Paisa - que também aparece no vídeo com um rifle e uniforme de camuflagem - afastaram-se do pacto de paz que visava a acabar com mais de meio século de conflito armado e que deu origem ao agora partido das FARC.
Os três reapareceram na selva ladeados por homens e mulheres com rifles e com uma faixa na parte inferior, na qual é possível ler "Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia FARC-EP".
"A armadilha, a traição e a perfídia, a modificação unilateral do texto do acordo, a violação dos compromissos por parte do Estado, as assembleias judiciais e a insegurança jurídica nos forçaram a voltar para a montanha. Nunca fomos vencidos ou derrotados ideologicamente, é por isso que a luta continua", diz ainda Márquez no vídeo de 32 minutos.
Segundo ele, o novo grupo armado procurará coordenar "esforços com os guerrilheiros do ELN e com aqueles camaradas que não dobraram suas bandeiras".
Com cerca de 2.300 combatentes, o Exército de Libertação Nacional (ELN) é reconhecido como o último grupo guerrilheiro ativo na Colômbia e exerce forte influência na fronteira com a Venezuela.