Jornal Correio Braziliense

Mundo

Identificado gene ligado a padrões migratórios de aves


Um gene recém-associado aos padrões migratórios das aves de rapina de asas douradas e de asas azuis pode ajudar a entender uma questão ainda sem resposta: como as aves migram por longas distâncias. Um estudo liderado por pesquisadores da Penn State e do Cornell Lab of Ornithology é o primeiro a combinar sequenciamento de genoma total e a tecnologia de rastreamento de migração para identificar um único gene associado ao complexo conjunto de características que determinam o comportamento migratório. As descobertas, publicadas na revista Pnas, podem ter importantes implicações para a conservação das populações em declínio, afirmam os autores.

;As grandes migrações do mundo inspiram pessoas há centenas de anos;, diz David Toews, professor-assistente de biologia da Penn State e líder da equipe de pesquisa. ;A migração de pássaros é particularmente fascinante, porque as espécies pequenas navegam principalmente sozinhas, à noite e em grandes altitudes; portanto, as pessoas nem sempre veem isso acontecer. Elas estão no seu quintal e depois desaparecem.;

A programação migratória em aves é extremamente complexa, abrangendo um conjunto de características neurológicas, fisiológicas e comportamentais. Os pesquisadores sabem, há algumas décadas, que existe um componente genético para a migração. Estudos recentes em aves identificaram grandes regiões do genoma, abrangendo centenas de genes, associados à prática, mas é mais difícil apontar os papéis específicos de cada gene.

Américas
Os pesquisadores estudaram padrões de migração em toutinegras de asas douradas e toutinegras de asas azuis, espécies geneticamente semelhantes que se reproduzem no meio-oeste e no nordeste dos Estados Unidos. No inverno, algumas aves de cada espécie migram para a América Central, do Panamá à Guatemala, enquanto outras viajam para a América do Sul, principalmente para a Venezuela.

A equipe coletou amostras genéticas das aves migratórias, o que permitiu investigar diferenças no DNA das aves que passam o inverno na América Central e das que se dirigem à América do Sul. A maioria dessas distinções ocorre em uma pequena região do cromossomo Z, um determinante do sexo, como os cromossomos X e Y em humanos. Apenas um gene, chamado VPS13A, estava presente nessa região.

Embora o gene ainda não tenha nenhuma função conhecida em aves, em humanos, está associado ao distúrbio neurodegenerativo coreia-acantocitose, que afeta o movimento. ;À medida que entendemos melhor o papel desse gene nos seres humanos, também podemos obter informações importantes sobre seu papel na migração de aves;, disse Toews.