Em meio a uma enxurrada de críticas no exterior por sua gestão dos incêndios que devastam a selva amazônica, o presidente brasileiro havia anunciado na sexta-feira o fechamento de um acordo de livre-comércio entre a EFTA (que reúne Noruega, Islândia, Liechtenstein e Suíça) com o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai).
"(Por um lado) É um péssimo momento, agora que a Amazônia está em chamas", afirmou Erna Solberg, citada pelo jornal "Dagens Naeringsliv" (DN).
"Por outro, é um acordo que passamos anos tentando concluir, e o acordo apoia o objetivo de uma gestão sustentável da floresta tropical", acrescentou a chefe do governo norueguês, cujo país exerce a presidência rotativa do EFTA no segundo semestre do ano.
O anúncio deste tratado comercial chega no momento em que países como França e Irlanda ameaçaram bloquear o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano para protestar contra a gestão dos incêndios por parte da Presidência brasileira.
Também acontece poucos dias depois de a Noruega, seguindo os passos da Alemanha, anunciar a suspensão de sua contribuição financeira para o Fundo Amazônia, que prevê recursos para a preservação da selva amazônica.
Esta coincidência levou organizações de defesa do meio ambiente e partidos de oposição a lançarem duras críticas ao governo de direita na Noruega.
Segundo o jornal europeu "Klassekampen", dois partidos nanicos da coalizão de governo, liberais e democristãos, não excluem rever o acordo, quando o texto for examinado no Parlamento.
Este ano já foram registrados mais de 80 mil incêndios no Brasil, o que significa uma alta de 80% em relação a 2018. Mais da metade dos focos (52%) se concentrou na região amazônica.