Ao término de dois dias de reuniões do G7, no balneário francês de Biarritz, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, retorna a Londres com a certeza de que será árduo encontrar um acordo com a União Europeia sobre o Brexit. ;Estou apenas mais otimista. Vai ser difícil (...) há uma discordância profunda;, reconheceu o premiê, após ter conversado reservadamente sobre o assunto com diferentes líderes durante a cúpula. As negociações estão estagnadas na questão da futura fronteira irlandesa entre o Reino Unido e o mercado único europeu.
Ontem, a Comissão Europeia advertiu que o Reino Unido terá que pagar a conta de 43 bilhões de euros por seus compromissos com o bloco continental, inclusive no caso de ausência de acordo (no deal) durante o divórcio. ;Todos os compromissos dos 28 Estados-membros devem ser cumpridos. Isso é válido, inclusive, em um cenário sem acordo, no qual o Reino Unido deveria saldar as dívidas contraídas durante sua adesão à UE;, afirmou a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva.
Em mais de uma ocasião, Boris Johnson defendeu, que, se o Reino Unido deixar a UE sem acordo, em 31 de outubro, não deveria pagar as 39 bilhões de libras esterlinas (43 bilhões de euros) de dívida. A postura expõe o país a represálias por parte de seus até agora sócios europeus. ;Pagar suas contas é essencial para começar uma nova relação com o pé direito, com base na confiança mútua;, insistiu Mina Andreeva.
A pouco mais de dois meses do prazo final para a saída britânica do bloco europeu, em meio à grande indefinição, empresários aceleram mudanças. Segundo um levantamento divulgado ontem, desde o referendo do Brexit, em junho de 2016, cerca de 100 empresas internacionais se instalaram na Holanda. E outras 325 expressaram seu interesse em fazer isso devido à incerteza que a separação entre Londres e a União Europeia gera.
As empresas britânicas mostram um interesse notável em se mudar para a Holanda, mas companhias norte-americanas, da Ásia e da Austrália também consideram a possibilidade. ;A incerteza crescente que reina no Reino Unido e a possibilidade cada vez mais clara de uma saída sem acordo provocam tensões econômicas significativas nessas sociedades;, declarou, em um comunicado, Jeroen Nijland, presidente da NFIA, a agência holandesa de investimentos estrangeiros.
43
bilhões de euros
valor cobrado ao Reino Unido por seus compromissos com
a União Europeia na saída do bloco