Dois dias depois de ter se reunido em Paris com o presidente Emmanuel Macron, o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, desembarcou ontem de surpresa no balneário francês de Biarritz para um novo encontro, à margem da reunião de cúpula do G7. Em ambas as ocasiões, na presença também do colega Jean-Yves Le Drian, Zarif discutiu iniciativas para preservar o acordo nuclear firmado em 2015 com um grupo de seis potências, mas abandonado em 2018 pelos Estados Unidos, que reimpuseram sanções ao regime iraniano. O tema esteve na agenda dos líderes das sete maiores economias industriais, mas nenhum acordo foi anunciado.
;O caminho é difícil, mas vale a pena tentar;, tuitou o visitante à saída do encontro. ;Eu me reuni com @EmmanuelMacron à margem do #G7Biarritz, depois de uma discussão detalhada;, relatou Zarif, que também postou fotos da sessão de trabalho. Os governos de Paris e Teerã confirmaram o encontro e a informação, antecipada por ambas as delegações, de que não estava previsto nenhum contato direto entre o chanceler iraniano e o presidente Donald Trump ; ou qualquer integrante da delegação americana.
;Zarif não foi convidado (para a cúpula). Ele não veio para a reunião do G7;, explicou à imprensa um diplomata francês. Trump, assim como os demais líderes visitantes, foi informado sobre a chegada do chanceler iraniano com antecedência mínima, já que a reunião paralela teria sido organizada ;de improviso;, como desdobramento das discussões mantidas por ele com Macron na sexta-feira, em Paris.
O tema do acordo nuclear iraniano teria sido discutido ;extensamente; em um almoço de trabalho entre os presidentes francês e americano, no sábado. De acordo com o diplomata francês, as reuniões com Zarif seriam ;a continuação do que Emmanuel Macron vem fazendo há vários meses: criar as condições para uma distensão (com o Irã); em torno do impasse nuclear. O anfitrião teria deixado claro, porém, que não tinha ;nenhum mandato formal; do G7 para as discussões. Trump, da sua parte, afirmou que não faz objeções a que o assunto seja discutido com Teerã. ;Não podemos impedir ninguém de conversar. Se quiserem, que conversem;, comentou.
Fórmula
Em resposta à reimposição das sanções americanas, o Irã anunciou no inicio deste mês o descumprimento de parte dos compromissos assumidos no acordo de 2015, inclusive no tema sensível do enriquecimento de urânio ; que se destina a alimentar reatores, mas pode também servir de base à produção de armas. Segundo a revista alemã Der Spiegel, Zarif e o chanceler Le Drian estariam trabalhando em uma proposta pela qual o regime islâmico retomaria os termos do tratado de 2015, em troca de garantias para a exportação de petróleo, uma das áreas atingidas pelas medidas de Trump. As sanções dos EUA se estendem a empresas e governos de terceiros países que fizerem negócios com o setor petroleiro iraniano.