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Irã aposta nas gestões de Macron

Presidente francês recebe o chanceler do regime islâmico e parte para a cúpula do G7 com a promessa de garantir apoio ao acordo firmado em 2015


O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, confia nas gestões do presidente da França, Emmanuel Macron, para tirar do impasse as negociações em torno do programa nuclear do regime islâmico. Passado pouco mais de um ano da retirada dos Estados Unidos de um acordo internacional sobre o tema, firmado em 2015, a retomada unilateral de sanções econômicas por parte de Washington foi respondida por Teerã com a retomada de atividadades, como o enriquecimento de urânio, vetadas pelo tratado. A intervenção de um dos países signatários, segundo o diplomata de Teerã, pode ajudar a preservar o mecanismo multilateral destinado a manter o país afastado da busca de armas atômicas.

;O presidente Macron fez algumas sugestões, na semana passada, ao presidente Hasan Rohani, e acreditamos que eles estão na direção certa, embora ainda não tenhamos chegado a um compromisso;, disse Zarif à agência de notícias France-Presse, em Paris. O chanceler iraniano reuniu-se com Macron antes de o governante francês partir para Biarritz, onde será o anfitrião do encontro de cúpula anual do G7, que reúne as maiores economia do mundo.

;Temos discutido possibilidades. Agora, ele vai discutir o assunto com parceiros europeus e outros para ver aonde podemos chegar;. O impasse nuclear com o Irã está na agenda da cúpula de Biarritz, embora tenha sido ofuscado, nos últimos dias, pela urgência em torno das queimadas na Amazônia. De acordo com Zarif, o regime islâmico acredita que, se a Europa for capaz de cumprir sua parte nos termos do acordo de 2015, o Irã poderá reverter as medidas tomadas para retomar atividades vetadas pelo acordo.

;Uma vez que a Europa implemente seus compromissos, o Irã também se preparará para reverter os passos que deu;, garantiu o chanceler. Perguntado sobre o que estava sugerindo, Zarif não deu detalhes, mas afirmou que os demais signatários do acordo ; Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha ; devem buscar com o Irã fórmulas capazes de distender a situação.

;Estamos buscando meios pelos quais a Europa possa implementar seus compromissos. Para nós, o importante é sermos capazes de continuar fazendo negócios com a União Europeia;, acenou. Zarif disse considerar possível resolver o problema, apesar de Donald Trump ter se retirado do acordo nuclear de 2015. ;Eu não creio que os Estados Unidos tenham todas as cartas. Se a Europa e a comunidade internacional decidirem, podem realmente tomar as medidas necessárias.;

O acordo de 2015 foi visto como um sucesso diplomático do então presidente americano, Barack Obama, e um momento chave nas relações entre Washington e Teerã, rompidas desde 1980, nos desdobramentos da Revolução Islâmica do an o anterior, que derrubou o xá Reza Pahlevi, aliado dos EUA.

Desde a campanha vitoriosa pela Casa Branca, em 2016,Trump nunca escondeu sua oposição aos termos do acordo com o Irã, ao qual se referiu muitas vezes como ;o pior da história;.

;Uma vez que a Europa implemente seus compromissos, o Irã também se preparará para reverter os
passos que deu;


Mohammad Javad Zarif