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Com 356 migrantes a bordo, barco aguarda resposta dos governos europeus

Pelo décimo dia consecutivo, o ''Ocean Viking'' se encontra praticamente retido no canal da Sicília, entre Malta e Lampedusa

Após o desembarque do "Open Arms" na ilha italiana de Lampedusa, agora chegou a vez do barco humanitário "Ocean Viking", com 356 migrantes a bordo, que nesta quarta-feira aguarda permissão das autoridades italianas para atracar.

O governo da Itália não respondeu a nenhum dos vários pedidos de desembarque do "Ocean Viking", a última embarcação humanitária no Mediterrâneo, afirmou à AFP Frédéric Penard, diretor de operações da SOS Méditerrannée, que opera com o navio em parceria com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Pelo décimo dia consecutivo, o "Ocean Viking" se encontra praticamente retido no canal da Sicília, entre Malta e Lampedusa. Depois que as autoridades de Malta proibiram no último momento o abastecimento com água e combustível, a tripulação precisa economizar os recursos.

Diante de jovens africanos que passaram por muitas dificuldades antes do resgate no Mediterrâneo, os comandantes do "Ocean Viking" explicaram a situação crítica no "Open Arms", o que levou alguns tripulantes a pular na água para tentar chegar a nado à costa de Lampedusa.

"Como está previsto no Direito Marítimo, solicitamos primeiros socorros em 9 de agosto aos centros de coordenação de resgates no mar da Itália e Malta para que designassem um porto, no qual as pessoas resgatadas poderiam desembarcar. Até o momento não recebemos nenhuma resposta da Itália e outra negativa da parte de Malta", explicou Penard.

O diretor da ONG declarou que "vários Estados europeus querem acabar com as resoluções caso a caso e estabelecer um sistema" continental de recepção de migrantes.

"Isto é o que pedimos, mas estas pessoas devem desembarcar de modo imediato. As negociações europeias não podem acontecer ao mesmo tempo que 300 pessoas estão bloqueadas no mar em condições difíceis", completou.

Nenhum migrante a bordo acompanhou a crise política em Roma, com a renúncia do primeiro-ministro Giuseppe Conte, mas receberam a notícia do desembarque do "Open Arms", após 19 dias no Mediterrâneo.

"Que Deus nos ouça", afirmou Hanil, um sudanês de 22 anos, que está no "Ocean Viking" com o irmão pequeno Adam, ao lado do qual abandonou seu país há cinco anos.

Os 85 migrantes que a embarcação da SOS Méditerrannée resgatou em um primeiro momento em 9 de agosto já estão há 13 dias a bordo. "Sabem para onde vamos? Quando chegaremos?", perguntam os migrantes.

As perguntas provocam irritação, o que resulta em momentos de brigas a bordo, uma consequência da inatividade, da falta de higiene e, sobretudo, da incerteza.

O diretor da missão da MSF na Líbia, Sam Turner, disse à AFP que "o sofrimento destas pessoas está sendo prolongado no Mediterrâneo e outras morrerão, pois nos impedem de fazer nossas operações de resgate".

Turner recordou que, de acordo com a Guarda Costeira da Líbia, quase metade dos barcos de migrantes que zarpam da Líbia naufragam, o que significa que "centenas de pessoas desaparecem sem deixar vestígios".