O anúncio foi feito no momento em que o primeiro-ministro Boris Johnson se prepara para viajar para Alemanha e França, nesta semana. Ele se reúne com a chanceler alemã, Angela Merkel, na quarta, e com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris, na quinta.
A escolha do dia da derrogação não é ao acaso. Esta foi a data anunciada para a conclusão do Brexit - após ser duas vezes adiado - e também é a data-limite prometida por Boris Johnson para deixar a UE, com ou sem acordo de saída.
"Este é um sinal claro para os cidadãos deste país: deixaremos a UE como prometido em 31 de outubro, independentemente das circunstâncias", disse o ministro responsável pelo Brexit, Steve Barcley, em um comunicado.
A decisão é acima de tudo simbólica, segundo Maddy Thimont Jack, do centro de análise política "Instituto de Governo", já que é um procedimento formal que "pode ser feito no último minuto".
O anúncio da revogação foi feito depois de ser publicada, neste domingo, uma carta assinada por mais 100 parlamentares. Nela, o grupo pede a Johnson que convoque imediatamente o Legislativo, interrompendo o recesso previsto para até 3 de setembro. Os signatários pedem que a Casa entre em sessão permanente até 31 de outubro.
"Nosso país está à beira de uma crise econômica, enquanto nos dirigimos para um Brexit sem acordo", afirmam.
"Estamos diante de uma emergência nacional, e o Parlamento deve ser convocado imediatamente", acrescentam.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, principal força da oposição, quer organizar uma moção de desconfiança contra o conservador Boris Johnson quando o Parlamento retomar os trabalhos.
"Precisamos é de um governo que esteja pronto para negociar com a União Europeia, para que não tenhamos uma saída catastrófica em 31 de outubro", disse Corbyn no sábado.
Se conseguir derrubar Johnson, Corbyn espera se tornar chefe de governo interino. Seu objetivo é buscar um novo adiamento da data de saída da UE para evitar um Brexit sem acordo e, finalmente, convocar eleições antecipadas. O governo de Johnson dispõe de uma maioria de apenas um voto no Parlamento.
No caso de um Brexit sem acordo, o Reino Unido enfrenta o risco de escassez de alimentos, gás e remédios, bloqueios de portos e o retorno de uma fronteira entre a República da Irlanda e a província britância da Irlanda do Norte, aponta um relatório do governo divulgado pelo jornal "The Sunday Times".