Um acordo histórico que abre caminho para uma transferência de poder para os civis foi assinado ontem por militares no governo e pelos líderes dos protestos de oposição no Sudão. A ;declaração constitucional; foi firmada por Mohamed Hamdan Daglo, número dois do Conselho militar, e por Ahmed al Rabie, representante da Aliança para a Liberdade e para a Mudança (ALC). A primeira etapa depois da assinatura do acordo será o anúncio da composição do Conselho Soberano, previsto para hoje, que deverá ser constituído, em sua maioria, por civis.
Os documentos foram assinados em Cartum, às margens do Rio Nilo, e definiram os 39 meses de transição para um governo que traga liberdade e prosperidade para o país. Também participaram do evento chefes de Estado; primeiros-ministros, como o etíope Abiy Ahmed; e autoridades de outros países da região. O ato foi acolhido com aplausos dos presentes, de acordo com um jornalista da agência de notícias France-Presse (AFP).
Concluído no início de agosto, o acordo pôs fim a cerca de oito meses de um protesto inédito que provocou a queda do presidente Omar Al-Bashir, após 30 anos no poder. Em seguida, as manifestações se voltaram contra os generais do Conselho Militar de Transição que herdaram o poder.
Alcançado graças à mediação da Etiópia e da União Africana, o pacto foi recebido com alívio pelos dois lados ; enquanto manifestantes celebraram a vitória de sua ;revolução;, os generais se atribuíram o mérito de terem evitado uma guerra civil.