"Milhões de empregos estão sendo perdidos na China para outros países não tarifados. Milhares de empresas estão indo embora. É claro que a China quer fazer um acordo. Deixe eles trabalharem humanamente com Hong Kong primeiro", escreveu o americano no Twitter ontem (14/08), após vários alertas de que Pequim estaria movimentando tropas rumo ao território.
Trump elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, descrevendo-o como um "grande líder" muito respeitado por seu povo. "Tenho zero dúvidas de que, se o presidente Xi quiser resolver rapidamente e humanamente o problema em Hong Kong, ele pode fazê-lo", acrescentou, sugerindo um encontro entre ambos.
Hong Kong ; ex-colônia britânica devolvida à China em 1997 e que mantém status administrativo e econômico separado de Pequim ; já atravessa o terceiro mês de gigantescas manifestações públicas, que exigem maior autonomia em relação ao governo chinês.
Inicialmente voltados contra um projeto de lei que autorizava extradições para a China continental ; suspenso pelo governo em meio à pressão popular ;, os protestos se ampliaram para exigir reformas democráticas amplas, rejeitando a influência de Pequim e a redução das liberdades em Hong Kong.
Nos últimos dias surgiram alertas de que a China estaria movimentando tropas em direção a Hong Kong. A agência de notícias AFP informou nesta quinta-feira (15) que milhares de soldados chineses realizaram uma parada militar em Shenzhen, cidade chinesa na divisa com o território semiautônomo. Dezenas de veículos blindados e caminhões também foram estacionados nas proximidades.
Na terça-feira, Trump dissera que os serviços de inteligência dos EUA relataram uma movimentação de tropas chinesas rumo a Hong Kong. O presidente também retuitou um vídeo que mostra dezenas de caminhões militares em uma via pública. A descrição aponta que a movimentação teria sido registrada em Shenzhen.
No mesmo dia, veículos da imprensa estatal chinesa divulgaram vídeos que mostram formações de blindados se deslocando para a cidade de fronteira. Os veículos trazem identificações da Polícia Armada Popular, uma força policial chinesa com organização militar que é empregada para conter revoltas e protestos.
Os ativistas planejam uma nova série de protestos em massa neste fim de semana, apesar das cenas de violência por parte da polícia ao pôr fim a uma ocupação de manifestantes no aeroporto, que gerou uma série de transtornos e resultou no cancelamento de diversos voos.
Pequim não vê os protestos como atos de revolta contra suas políticas, mas considera-os uma investida patrocinada por potências estrangeiras com intuito de desestabilizar a China continental.
Os tuítes de Trump podem significar uma mudança em sua postura em relação aos últimos acontecimentos em Hong Kong. Nos últimos dias, ele foi criticado por governistas e opositores por se manter longe do assunto, evitando entrar em rota de colisão com o governo chinês, com quem Washington já se engalfinha em uma acirrada disputa no comércio internacional.
EUA e China já impuseram mutuamente tarifas de importação que somam 360 bilhões de dólares. Trump, porém, vem adiando o anúncio de novas sobretaxas sobre produtos eletrônicos chineses, o que gera esperanças nos investidores em relação a um possível alívio no conflito comercial.