Agência France-Presse
postado em 15/08/2019 11:28
O barco humanitário da ONG espanhola "Open Arms" estava nesta quinta-feira adiante da ilha de Lampedusa com 147 migrantes a bordo, em pleno debate governamental sobre a legitimidade de sua presença em águas italianas.
"Decidi não assinar o novo decreto do ministro do Interior destinado a impedir a entrada, trânsito e parada nas águas territoriais do barco da ONG Open Arms", afirmou em um comunicado a ministra da Defesa italiana, Elisabetta Trenta.
O ministro do Interior e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, que exige um rodízio europeu de portos de desembarque, assinou no início do mês um decreto que proibia a entrada de barcos humanitários em águas territoriais italianas sem autorização.
Na quarta-feira, um tribunal administrativo suspendeu a aplicação do primeiro decreto, contra o qual a própria "Open Arms" havia apresentado um recurso.
Pouco depois Salvini assinou um novo decreto para impedir a entrada do barco. Seu poder como ministro, no entanto, está enfraquecido após a ruptura da aliança governamental formada há pouco mais de um ano com o Movimento Cinco Estrelas (M5E, antissistema).
Os decretos de Salvini devem ser assinados pela ministra da Defesa, que é membro do M5E, movimento que não parece ter intenção de seguir obedecendo suas ordens.
"Tomei a decisão com base em sólidas razões legais, escutando minha consciência. Não devemos esquecer que por trás das polêmicas dos últimos dias existem crianças e jovens que sofreram violência e abusos de todo tipo. A política não deve perder nunca de vista a humanidade", explicou Elisabetta Trenta no comunicado.
Na quarta-feira, ela enviou dois barcos para escoltar o "Open Arms", com a intenção de retirar os 32 menores de idade que estavam a bordo.
A "Open Arms" afirmou que não pretendia atracar em Lampedusa à força. Nesta quinta-feira, a ONG explicou no Twitter que os migrantes a bordo "sabem que ainda não há porto para eles, mas ver terra firme os acalma".