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''Vamos continuar nossas ações'', diz participante de protesto em Londres

Membro do grupo Extintion Rebellion, que realizou ato em frente à embaixada brasileira em Londres, diz ao Correio que novos protestos devem ocorrer se Bolsonaro não mudar política sobre Amazônia e povos indígenas

Integrante do grupo Extinction Rebellion, que organizou um protesto contra a política ambiental do governo brasileiro em frente à Embaixada do Brasil em Londres, nesta terça-feira (13/8), Sarah Gibbons, 29 anos, diz que outros protestos desse tipo devem ocorrer caso o presidente Jair Bolsonaro não mude sua linha de ação em relação à Amazônia e aos povos indígenas do país.

"A situação da Amazônia está chegando a níveis alarmantes. A floresta está, em sua maior parte, no Brasil, e o presidente Jair Bolsonaro abriu as portas para processos de exploração da floresta. Nós vamos continuar nossas ações se o governo brasileiro não começar a resolver essas questões", disse ao Correio a representante do grupo.

Gibbons disse que o Extintion Rebellion recebeu um chamado para prestar apoio solidário às mulheres indígenas que protestavam nesta terça-feira em Brasília. "Estamos do lado dos que marcharam hoje em Brasília. Eles tiveram suas próprias questões, mas nós os apoiamos", afirmou.

Quanto ao resultado da manifestação, que terminou com o prédio da embaixada pichado e seis pessoas detidas, a manifestante disse que, apesar de algumas pessoas terem agido "de forma criminosa", o protesto era pacífico.

Mais cedo, por meio da internet, o grupo afirmou ter a intenção de realizar novos protestos diante de representações diplomáticas brasileiras. Ações devem ocorrer no Chile, em Portugal, na França, na Espanha, na Suíça e no Reino Unido, entre outros países. No comunicado, o grupo criticou Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; e as "mudanças radicais na estrutura dos ministérios envolvidos na legislação ambiental e agrícola".

"Relatórios recentes mostram que as taxas de desmatamento na Amazônia cresceram 88% em comparação com junho do ano passado ; com Bolsonaro alegando que os dados foram falsificados", diz o texto, referindo-se a dados divulgados pelo Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que provocaram polêmica e a troca de comando no órgão.

Resposta da embaixada

Em nota, a Embaixada do Brasil em Londres afirmou que está aberta a receber quem quer dialogar "sobre o Brasil e suas políticas públicas", e reafirmou o direito de protestos, criticando, porém, atos de vandalismo. "Já o direito de vandalizar, esse não existe em nenhum país", ressaltou. "A Polícia Metropolitana interveio para salvaguardar a integridade das instalações diplomáticas do Brasil. A embaixada permanecerá em contato com as autoridades locais para acompanhar as investigações cabíveis". A embaixada também reforçou que "trabalhará para o ressarcimento dos cofres públicos por eventuais danos causados ao edifício". Veja abaixo a nota na íntegra:

"Na manhã desta terça-feira, um grupo de manifestantes promoveu protesto em frente à Embaixada do Brasil em Londres. Identificavam-se como ligados ao movimento Extinction Rebellion. Picharam e mancharam com tinta a fachada do prédio da chancelaria brasileira. A Polícia Metropolitana interveio para salvaguardar a integridade das instalações diplomáticas do Brasil.

A Embaixada está e sempre esteve aberta a receber quem quer que deseje dialogar sobre o Brasil e suas políticas públicas. O direito de protestar é assegurado em democracias como o Brasil e o Reino Unido. Já o direito de vandalizar, esse não existe em país algum.

A embaixada permanecerá em contato com as autoridades locais para acompanhar as investigações cabíveis. Trabalhará, também, para o ressarcimento dos cofres públicos por eventuais danos causados ao edifício".

*Estagiários sob supervisão de Humberto Rezende