Os resultados preliminares das eleições primárias argentinas sinalizam que a polarização entre os dois principais candidatos à Presidência poderá não ser tão grande quanto o imaginado. Com 58% dos votos apurados, o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández tinha quase 15 pontos percentuais a mais que o candidato liberal à reeleição, Mauricio Macri. Divulgados com mais de uma hora e meia de atrasos, os dados parciais indicaram 47,01% de votos para a chapa ;Frente de todos;, conta 32,66% para a chapa ;Juntos por el Cambio;.
;Tivemos uma má eleição;, reconheceu o presidente Macri. Mais cedo, o chefe da campanha do candidato, Marcos Peña, havia reconhecido a derrota, sem falar em números, e ressaltado que a equipe acredita em um final diferente nas eleições de 27 de outubro. ;(As primárias) sempre dão um resultado preliminar. Em outubro, cresce com a maior participação;, justificou. Já o opositor, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) como vice, ressaltou que as prévias foram a ;prova de classificação; para que sigam ;confortáveis para sair em primeiro lugar em outubro;.
Pequisas de boca de urna indicavam uma diferença percentual de cerca de 7%, e a equipe de Macri falava em 5%. Conduzidas com tranquilidade, as Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) tiveram 75% de participação popular ; segundo a Câmara Nacional Eleitoral, eram esperados 33,8 milhões de votantes. O clima mudou, porém, depois de vencido o prazo para o início da divulgação da apuração, previsto para as 21h. ;Temos nosso próprio centro de cômputos. Esperamos que o governo dê os resultados o quanto antes, caso contrário, daremos nós;, ameaçou Fernández
Crise econômica
Para Rosendo Fraga, analista político, o foco das duas maiores campanhas deverá ser os aspectos negativos do principal rival. ;É uma eleição entre o temor e a decepção: o temor de que o governo Cristina Kirchner volte, com toda sua cota de corrupção, ou a decepção de que siga uma economia como a de Macri, que, em termos sociais, não dá resultados;, disse.
Assombrados por uma das inflações mais altas do mundo ; o índice chegou a 22% no primeiro semestre deste ano ; e por uma pobreza que atinge 32% da população, os argentinos estão diante de dois projetos de governo antagônicos: o de Macri, que leva adiante um plano de ajuste apoiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e o de Fernández, visto com desconfiança pelos mercados. Ao todo, 10 chapas disputarão a Presidência. A terceira opção na corrida eleitoral é composto pelo ex-ministro da Economia Roberto Lavagna com o governador de Salta, Juan Manuel Urtubey, do peronismo de centro.
;É uma eleição entre o temor e a decepção: o temor de que o governo Cristina Kirchner volte, com toda sua cota de corrupção, ou a decepção de que siga uma economia como a de Macri, que, em termos sociais, não dá resultados;
Rosendo Fraga, analista político