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Irã intercepta mais um petroleiro

Navio-tanque, cuja nacionalidade não foi divulgada, navegava nas proximidades da Ilha de Farsi ao ser barrado pelas forças da Guarda Revolucionária. É o terceiro bloqueio efetuado pela República Islâmica em menos de um mês


Pela terceira vez em menos de um mês, o Irã interceptou uma embarcação estrangeira no Golfo Pérsico, o que deve elevar ainda mais a tensão com os Estados Unidos. Segundo a agência oficial Irna, o navio-tanque, de nacionalidade não divulgada, foi bloqueado pela Guarda Revolucionária iraniana nas proximidades da Ilha de Farsi, transportando ;700 mil litros de combustível de contrabando;. Sete integrantes da tripulação foram detidos na operação, que aconteceu na quarta-feira, mas só foi divulgada ontem.

De acordo com as informações oficiais, a embarcação foi levada para o Porto de Bushehr e a ;carga de combustível de contrabando entregue às autoridades;. O petroleiro seguia com destino aos países árabes do Golfo, segundo o general Ramezan Zirahi, comandante das forças da Guarda Revolucionária que capturaram o navio. Um terço do petróleo que transita por via marítima no mundo passa pelo Estreito de Ormuz, localizado na região.

Analistas acreditam que o novo caso pode aprofundar ainda mais a tensão entre Teerã e Washington. Apesar dos prognósticos, o general iraniano Ahmad Reza Purdastan considerou ontem que os riscos de um conflito no Golfo diminuíram. ;À primeira vista, pode parecer que a situação no Golfo Pérsico segue para um conflito militar, mas, se você observar mais de perto, verá que a probabilidade de tal conflito é cada vez menos elevada;, declarou, para, em seguida, opinar: ;O Golfo Pérsico é como um barril de pólvora, e a primeira explosão pode levar a um grande desastre;.

Sanções
As relações vêm se deteriorando desde que Washington decidiu abandonar o acordo sobre o programa nuclear iraniano, em maio de 2018, o que significou o retorno das sanções americanas e levou a República Islâmica a perder quase todos os compradores de petróleo. As medidas asfixiaram a economia do Irã, que tem a quarta maior reserva mundial de petróleo e a segunda de gás.

As interceptações de embarcações estrangeiras por Teerã começaram em 14 de julho, com a captura de um petroleiro de bandeira panamenha, o MT Riah, também acusado de contrabando de combustível. Dez dias antes, autoridades britânicas haviam barrado o petroleiro iraniano Grace 1 na costa de Gibraltar.

Londres justificou que o navio teria violado as sanções da União Europeia ao seguir rumo à Síria, país em guerra, com uma carga de petróleo, o que Teerã nega. Em 19 de julho, um navio-tanque sueco de bandeira britânica, o Stena Impero, foi interceptado pela Guarda Revolucionária sob suspeita de ;não respeitar o código marítimo internacional;. Em reação à ação iraniana, o Reino Unido determinou que a Marinha escolte os navios civis com bandeira britânica que navegam pelo Estreito de Ormuz.

Diante desse cenário, Washington intenciona estabelecer uma coalizão internacional no Golfo para proteger os navios mercantes. A ideia é que cada país escolte militarmente suas embarcações com o apoio do exército americano. Os países europeus, porém, resistem à proposta, para evitar uma associação com a política de ;máxima pressão; sobre a República Islâmica, defendida por Donald Trump.