Tiroteios em massa costumam ser seguidos pelo debate sobre as leis que regulam porte de arma da população. Nos Estados Unidos, os pré-candidatos democratas à Presidência têm insistido em um rigor maior nas licenças armamentistas. Já no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro declarou ontem que ;não é desarmando o povo que você vai evitar isso aí;, referindo-se às tragédias que mataram 29 pessoas no fim de semana.
Porém não é o que diz um estudo publicado recentemente em uma das revistas médicas mais respeitadas do meio científico. De acordo com a pesquisa, divulgada no British Medical Journal, os estados dos EUA com legislações mais permissivas e com maior número de donos de armas têm taxas mais elevadas de mass shootings comparado àqueles com leis restritivas.
Os pesquisadores, da Escola de Saúde Pública de Columbia Mailman, utilizaram um guia oficial referente a 1998-2015, que traz uma escala de permissão/restrição ao uso de armas, indo de zero (completamente restritiva) a 100 (completamente permissiva). Os resultados mostraram que um aumento de 10 unidades na permissividade em cada estado estava associado a uma elevação de 11% na taxa de tiroteios em massa. A cada 10% de aumento na taxa de posse de arma de fogo, houve 35% mais episódios estaduais de mass shootings, quando mais de quatro pessoas são mortas a tiros.
;Nossas análises revelam que as leis norte-americanas sobre armas se tornaram mais permissivas nas últimas décadas, o que parece consonante com a alta das tragédias de tiroteios de massa nos EUA;, observa Charles Branas, principal autor do estudo. ;As leis têm um potencial real de influenciar o tiroteio em massa;, conclui.