O posto de diretor nacional de inteligência, o mais importante do setor nos Estados Unidos corre o risco de ficar indefinido a partir do próximo dia 15, quando o titular, Dan Coats, deixará o cargo. Ontem, o presidente Donald Trump retirou a indicação que tinha feito no domingo, quando Coats anunciou a saída. O nome do deputado republicano John Ratcliffe estava sob severo questionamento de senadores de ambos os partidos, que devem examinar e ratificar a escolha ; no Comitê de Inteligência e, depois, em plenário. Ratcliffe, ex-procurador federal no Texas, teria exagerado o próprio currículo e inflado, em especial, a experiência no combate ao terrorismo.
;Nosso grande congressista John Ratcliffe tem sido tratado de maneira muito injusta pela mídia;, escreveu o presidente no Twitter para anunciar a desistência. ;Para evitar meses de difamação e ataques, expliquei a John como seria terrível, para ele e para a família, ter de lidar com essa gente.; Trump anunciou para breve outra nomeação, e o próprio deputado confirmou, também pelo Twitter, que decidiu permanecer em sua cadeira na Câmara.
Foi na campanha eleitoral do ano passado que Ratcliffe se apresentou como um procurador com ;longa experiência em colocar terroristas na prisão;. Afirmou também que teria ajudado a construir a política do presidente George W. Bush para o setor. As alegações foram questionadas pela imprensa, e por congressistas de ambos os partidos, assim que Trump anunciou a indicação.
;Respeito a decisão de John Ratcliffe de retirar seu nome de apreciação para o posto de Diretor Nacional de Inteligência, e aprecio sua disposição de ter considerado a ideia de servir à nação nesse cargo;, respondeu o presidente do Comitê de Inteligência do Senado, o republicano Richard Burr. ;Estou agradecido por ele ter decidido continuar servindo na Câmara ao povo do Texas.;
A mensagem de Burr, porém, insinua uma diferença com o presidente quanto ao comando interino da área entre a saída de Coats e a posse do novo titular. O senador governista mencionou sua satisfação com o fato de que o Escritório do Diretor Nacional de Inteligência ;conta com uma equipe de liderança experiente e capaz para ajudar na transição;. O trecho foi visto na imprensa e no Congresso como referência velada a Sue Gordon, a vice-diretora, a quem caberia assumir interinamente o cargo. Trump, porém, deu a entender que não contempla a ideia de tê-la exercendo a função, segundo assessores que acompanham o processo.
Gordon, que acumula 30 anos de serviço na Agência Central de Inteligência (CIA) e outras agências da área, não foi diretamente informada sobre os planos para a transição, de acordo com o jornal The New York Times. Mas um alto funcionário revelou que a Casa Branca requisitou do escritório uma lista de funcionários de alto escalão, indicação de que estaria sendo buscado um nome para contornar a ascensão da atual vice-diretora. Embora o estatuto federal sobre o cargo determine que o vice deve assumir interinamente, deixa aberta para o presidente a opção de escolher o interino caso esteja vago o posto de ;número dois;.
Democratas pelo impeachment
Mais da metade dos democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos apoiam o início de um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, informou a imprensa local. Os progressistas esperam que esses dados diminuam a resistência da presidente da Casa, a democrata Nancy Pelosi, a impulsionar uma investigação contra o presidente. Dos 235 votos democratas, 118 tornaram público seu apoio para iniciar um procedimento para remover Trump do cargo, depois que o congressista Ted Deutch, da Flórida, mostrou-se favorável ontem. A intenção tem aumentado desde que o ex-procurador especial Robert Mueller testemunhou perante o Congresso, na semana passada, sobre a investigação de dois anos da interferência da Rússia nas eleições de 2016 e a possível obstrução de Justiça por parte de Trump.