À espera da chegada do genro e assessor especial de Donald Trump para política externa, Jarred Kushner, Israel deu ontem a aprovação para mais um lote de habitações em áreas sob seu controle no território palestino da Cisjordânia. Serão 6 mil moradias para colonos judeus e 700 para palestinos, embora a resolução não deixe claro se, no segundo caso, trata-se da construção de novas casas ou da permissão retroativa para unidades já erguidas ou em construção. A inclusão inédita dos palestinos não bastou para convencer seus líderes, pouco mais de uma semana depois da demolição de edifícios em uma área próxima a Jerusalém Oriental ; sob a alegação, por parte de Israel, de que ficavam próximas demais do muro erguido para isolar o território.
A Autoridade Palestina (AP), governo autônomo com jurisdição sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, reiterou a caracterização das colônias israelenses como ilegais, posição rejeitada pelo Estado judeu, mas majoritária entre a comunidade internacional. A decisão anunciada ontem, diz uma nota, ;é evidência da sombria mentalidade colonial do governo israelense, que ignora resoluções das Nações Unidas, o direito internacional e acordos assinados;.
De acordo com a resolução publicada, as casas deverão ser construídas em uma área da Cisjordânia chamada de ;zona C; nos termos dos acordos de paz de 1993 e 1995, que estabeleceram o regime de autonomia palestina. Ela abrange as proximidades das colônias judaicas e cobre mais de 60% do território. Israel mantém controle militar sobre a ;zona C; e não costuma autorizar construções palestinas no setor.
A política de expansão constante da colonização é uma das principais razões alegadas pela AP para rejeitar negociações diretas com o governo israelense, na mesma medida em que é um compromisso incontornável para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Sua apertada maioria na Knesset (parlamento) depende do apoio de partidos ultranacionalistas e religiosos, entre eles legendas que representam os colonos da Cisjordânia. Atualmente, eles são 400 mil, em meio a 2,5 milhões de palestinos, e se somam a 200 mil instalados no setor oriental (árabe) de Jerusalém, reivindicada pela AP como capital de um futuro Estado soberano.
Emissário
O anúncio da autorização foi visto em Israel como um gesto destinado a facilitar as gestões de Jarred Kushner, o assessor a quem o presidente americano incumbiu de atuar como emissário especial para o Oriente Médio. Trump promete um plano de paz para a região e, segundo analistas da imprensa americana e israelense, teria enviado o genro à região para convencer governantes árabes e israelenses a participar de uma reunião de cúpula sobre o tema, nos EUA.
Kushner esteve ontem em Amã e reuniu-se com o rei da Jordânia, Abdullah, para discutir ;os esforços desenvolvidos para resolver o conflito palestino-israelense;, de acordo com uma nota do palácio real. O governo jordaniano somou-se à AP nas críticas às linhas gerais antecipadas sobre o plano de paz de Trump, em particular à ajuda financeira. O presidente americano, que em 2017 reconheceu a soberania de Israel sobre toda a cidade de Jerusalém e transferiu para lá a embaixada americana, suspendeu as contribuições para a agência especial estabelecida pela ONU em 1949 para atender os refugiados palestinos.
6.700
Total de residências autorizadas por Israel.
Serão 6 mil para colonos judeus e 700 para palestinos