Um asteroide passou perto da Terra nesta semana. Até aí, não há nada de preocupante. O problema é que os cientistas só perceberam a aproximação do corpo rochoso em cima da hora. Batizado de 2019 OK, o corpo celeste aproximou-se a uma velocidade de 24 quilômetros por segundo e chegou a 73 mil quilômetros de distância do nosso planeta, mais perto do que a Lua.
Uma equipe brasileiro identificou o risco. ;Esse é um asteroide bem peculiar porque ele veio de frente com a Terra. Por causa desse movimento, é mais difícil de se identificar. Nós fomos os primeiros. Vimos ele 24 horas antes de ele passar por aqui;, conta Cristóvão Jacques, sócio-diretor do Sonear, um observatório astrônomo que fica em Oliveira, Minas Gerais. O fenômeno aconteceu no último dia 25.
Segundo Cristóvão Jacques, a identificação de um corpo celeste costumar variar bastante. Pode ser feita, por exemplo, até dois meses antes da aproximação, e há casos em que se sabe da existência dele depois que já passou. ;A gente mede a distância em relação à Lua. Usando essa medida, passa um deles por semana;, conta.
O 2019 OK também chamou a atenção pelo tamanho. ;Ele é grande. Os asteroides que passam geralmente medem 10 metros. Esse tinha aproximadamente o tamanho de um campo de futebol;, explica Cristóvão Jacques, Segundo ele, esse foi o maior asteroide a passar perto da Terra neste ano.
Preocupação
Para o professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB) José Leonardo Ferreira, a descoberta do asteroide tão perto do momento de passagem é algo a se preocupar. O motivo é que o corpo rochoso poderia ter atingido a Terra. ;Em 2013, um asteroide de 15 a 20 metros entrou na atmosfera e caiu perto da Sibéria, e ele era pequeno;, lembra.
Na época, 1.600 pessoas ficaram feridas. De acordo com a Academia Russa de Ciências, a rocha pesava cerca de 10 toneladas e se desintegrou a entrar na Terra. No início deste ano, um meteoro caiu no litoral do Rio Grande do Sul e se desintegrou a entrar na atmosfera. Há cerca de 20 mil asteroides identificados próximos à Terra. Segundo Cristóvão Jacques, com relação a eles, não é preciso se preocupar. ;Não há perigo de colisão. Dos cerca de 20 mil, nenhum tem risco de cair;, esclarece.
José Leonardo Ferreira lembra que a falta de observatórios compromete a identificação de corpos celestes. Segundo o professor da UnB, boa parte das detecções se dá por acaso. ;Muitos astrônomos amadores ficam vasculhando o céu. Eles têm dado uma grande contribuição. Existem observatórios, mas a área de observação é imensa, e eles estão mais concentrados no Hemisfério Norte, não é balanceado;, explica. ;É importante que se faça essa observação porque um (asteroide) com o tamanho de 50 metros pode destruir uma cidade. Não é só o tamanho, mas a energia dele;, completa.