Síria - Quinze civis, incluindo oito crianças, foram mortos neste sábado na Síria em ataques aéreos do regime ou de seu aliado russo em uma região do noroeste do país controlada por jihadistas e bombardeada quase diariamente, informou uma ONG.
Na cidade de Ariha, na província de Idlib, onze civis, incluindo sete crianças, foram mortos no bombardeio do regime que atingiu dois edifícios residenciais, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Branco de poeira e rosto ensanguentado, um menino foi encontrado morto sob os escombros por Capacetes Brancos, os socorristas que atuam nas zonas rebeldes, segundo um fotógrafo colaborador da AFP.
Um dos socorristas pegou o menino, encontrado morto em um dos prédios bombardeados, e levou para um veículo.
No telhado parcialmente desmoronado de um prédio, perto de outras casas destruídas, as equipes de resgate procuravam vítimas no meio dos escombros.
Desde o final de abril, o regime de Bashar al-Assad e a Rússia conduzem ataques aéreos na província de Idlib e em áreas vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.
A região, onde vivem cerca de três milhões de pessoas, é controlada pelos jihadistas do Hayat Tahrir al-Sham (HTS, antigo ramo sírio da Al-Qaeda). Outras facções rebeldes e jihadistas estão presentes.
Os ataques aéreos e tiros de artilharia já mataram mais de 750 civis em três meses, incluindo 190 crianças, segundo o OSDH.
- "Indiferença" -
Neste sábado, no norte de Hama, três paramédicos morreram em um ataque russo que atingiu seu veículo, enquanto uma criança foi morta em ataques do regime em campos agrícolas de Idlib, segundo o Observatório.
Na quarta-feira, Ariha já havia sido palco de um drama, capturado por uma foto que se tornou viral nas redes sociais: duas garotas, presas nos escombros de seu prédio que desabou após um ataque aéreo, segurando sua irmãzinha pendurada a vários metros do chão.
Uma das meninas morreu logo depois, enquanto suas duas irmãs foram hospitalizadas.
O número de crianças mortas na região nas últimas quatro semanas supera o recorde de todo o ano de 2018, lamentou na quinta-feira a ONG "Save the Children".
Com a violência, mais de 400 mil pessoas foram deslocadas desde o final de abril, segundo a ONU.
"Cidades e aldeias inteiras foram esvaziadas de seus habitantes que fugiram", disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) na sexta-feira.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, denunciou a "indiferença" da comunidade internacional em relação aos civis mortos nos bombardeios.
A violência acontece apesar de um acordo alcançado em setembro de 2018 entre a Rússia e a vizinha Turquia, que apoia alguns grupos rebeldes, para evitar que o Idlib fosse alvo de uma grande ofensiva do regime.
Impulsionada em 2011 pela repressão de protestos pró-democracia, a guerra matou mais de 370 mil pessoas e obrigou milhões a fugir.