Agência France-Presse
postado em 24/07/2019 11:12
Boris Johnson se converte oficialmente nesta quarta-feira (24) no primeiro-ministro britânico com a missão de concretizar a qualquer preço a saída do Reino Unido da União Europeia no dia 31 de outubro.
O ex-ministro das Relações Exteriores, conhecido por seus excessos, sua oratória exuberante e sua turbulenta vida amorosa, foi designado na terça o novo líder do Partido Conservador, o que o fará suceder Theresa May.
O político de 55 anos assumirá oficialmente o comando do governo após uma reunião com a rainha Elizabeth II no palácio de Buckingham na tarde desta quarta-feira. Em seguida, pronunciará seu discurso inaugural ante sua residência de número 10 da Downing Street.
Durante seu discurso como um novo líder conservador na terça-feira, Johnson encorajou seus concidadãos a "abandonar dúvidas e negatividade", e prometeu unir um país fortemente dividido.
Mas sua promessa de deixar a União Europeia com ou sem um acordo dentro do prazo limite de 31 de outubro o coloca em uma situação de colisão com altos representantes de seu próprio partido que não querem um Brexit abrupto, ameaçando sua pequena maioria e elevando a perspectiva de algum eleições gerais antecipadas.
Johnson nunca escondeu sua ambição pelo poder, usando suas piadas e fanfarronices para conseguir vitórias eleitorais improváveis, mas agora ele assume em um momento tremendamente delicado.
O texto do Brexit negociado entre os 27 parceiros europeus e a então premiê Theresa May, e rejeitado pelo Parlamento britânico em três ocasiões, continua sob a mesa, intocável.
Além disso, agenda de Johnson está ainda mais complicada pelo perigoso conflito com o Irã sobre a captura de petroleiros britânicos no Golfo, em retaliação à imobilização em Gibraltar de um petroleiro iraniano, acusado de violar sanções europeias à Síria por transportar petróleo para este país.
Advertência
O grupo de trabalho sobre o Brexit da Eurocâmara já alertou nesta quarta alertou o novo primeiro-ministro sobre as consequências "prejudiciais" de uma retirada do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo.
"Declarações recentes, especialmente as feitas durante a campanha pela liderança do Partido Conservador, aumentaram muito o risco de uma saída desordenada do Reino Unido", disse o grupo em um comunicado.
Para os eurodeputados, que falaram com o negociador europeu Michel Barnier, "uma saída sem acordo seria muito prejudicial do ponto de vista econômico, mesmo que esses danos não tenham sido igualmente infligidos por ambos os lados". A data do Brexit foi adiada para 31 de outubro, depois que a antecessora de Johnson, Theresa May, fracassou na tentativa do Parlamento Britânico de aprovar o acordo de divórcio fechado em novembro com a UE.
Johnson salientou durante a campanha para a sucessão de May sua intenção de renegociar o acordo, algo que a UE rejeita, e até mesmo retirar seu país do bloco sem um pacto, cenário temido pelos ambientes econômicos.
Os europeus reiteraram nos últimos dias sua vontade de renegociar a declaração política que acompanha o Tratado de Retirada e que estabelece as bases para a futura relação de ambos os lados do Canal da Mancha.