Seul afirmou que um caça russo A-50 entrou duas vezes no espaço aéreo sul-coreano perto das disputadas Ilhas Dokdo, que o Japão chama de Takeshima.
As tensões persistentes entre Seul e Tóquio relacionadas às indenizações às vítimas sul-coreanas da política japonesa de trabalho forçado durante a guerra pioraram este mês, quando Tóquio restringiu as exportações de materiais de alta tecnologia para a Coreia do Sul.
As autoridades de Seul afirmaram nesta terça-feira que responderam à entrada do avião russo em seu espaço aéreo despachando caças F-15K e KF-16, que efetuaram mais de 400 tiros em duas séries, segundo informou um oficial militar à AFP.
"Estamos avaliando este incidente de forma muito séria e tomaremos medidas mais duras se isso acontecer novamente", disse o assessor de Segurança Nacional Chung Eui-yong, de acordo com a porta-voz da Casa Azul, a presidência sul-coreana.
O Japão também reclamou da incursão russa. "Fomos informados que aviões militares russos que sobrevoavam o Mar do Japão esta manhã violaram nosso espaço aéreo perto de Takeshima duas vezes", disse o chefe de gabinete do governo japonês, Yoshihide Suga, em uma coletiva de imprensa.
"Com base nessas informações, emitimos fortes protestos".
Suga, que disse que o Japão enviou aviões militares para a zona, acrescentou que Tóquio também protestou junto à Coreia do Sul por sua resposta, considerando-a extremamente lamentável.
Mas a presidência sul-coreana insistiu que as ilhotas disputadas são "uma parte integral" do território coreano "historicamente, geograficamente e sob o direito internacional".
Rússia nega
O Exército russo negou, por sua vez, ter violado o espaço aéreo sul-coreano, assegurando que seus aviões "sobrevoaram as águas neutras do Mar do Japão".
"Dois bombardeiros Tu-95MS das Forças Armadas Russas realizaram um voo planejado sobre as águas neutras do Mar do Japão", disse o ministério russo da Defesa em um comunicado, acrescentando que "nenhum tiro de advertência" foi disparado pela Coreia do Sul.
Mais cedo, a Coreia do Sul anunciou que fez os disparos contra uma aeronave militar russa que havia violado duas vezes seu espaço aéreo em sua costa leste.
O incidente ocorreu perto das Ilhas Dokdo, reivindicadas sob o nome de Takeshima por Tóquio, que acusa a Coreia do Sul de ocupá-las ilegalmente.
Segundo o Exército russo, trata-se de uma "zona de reconhecimento de defesa aérea" estabelecida unilateralmente por Seul e que não está prevista pelo direito internacional nem é reconhecida pela Rússia.
"A rota dos aviões Tu-95MS respeitou as regras internacionais", insistiu, acusando, por sua vez, dois caças sul-coreanos F-16 de "realizar manobras não-profissionais, cortando a rota de bombardeiros estratégicos russos e representando uma ameaça à sua segurança".
"Os pilotos sul-coreanos não tentaram entrar em contato com as tripulações dos Tu-95MS e nenhum tiro de advertência foi disparado pelos caças sul-coreanos", afirmou o ministério da Defesa russo.
Incidentes semelhantes ocorrem regularmente no Mar Báltico entre os aviões russos e ocidentais, acusando-se mutuamente de se aproximarem demais do espaço aéreo um do outro.
Em maio, seis aviões russos, incluindo bombardeiros estratégicos, também foram escoltados do Alasca por caças americanos.