Jornal Correio Braziliense

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Duas perguntas para

Berislav V. Zlokovic, diretor do Instituto Neurogenético Zilkha, pesquisador e professor da Universidade de Southern California


Como os resultados das suas pesquisas mudam a forma como a ciência entende a etiologia da doença de Alzheimer?
Muitos de nós estão vendo que a doença de Alzheimer é o resultado de um processo múltiplo ao longo do tempo. Por exemplo, uma pessoa pode ter predisposição genética à doença, mas também ter pressão alta ou diabetes, o que contribui para danificar o sistema circulatório do cérebro. Nenhum problema é uma garantia de que essa pessoa vai desenvolver a doença, mas os dois interagindo certamente aumentam o risco. Minha pesquisa foca nas células que formam as paredes dos vasos sanguíneos no cérebro. Descobrimos que pessoas desenvolvem ;vazamentos; nesses vasos e que, quanto mais vazamentos elas têm, mais problemas de memória apresentam. Estamos buscando medicações que possam ajudar com os vazamentos.

As descobertas já podem ter implicação na prática clínica?

Sim, no sentido de que a saúde dos vasos sanguíneos parece ser a chave para prevenir esse tipo de dano. Não é a mesma coisa de ter uma droga ou um medicamento, e isso não reverterá os problemas de memória, mas pode incentivar as pessoas a comer melhor, se exercitar, socializar e minimizar o estresse. É sobre prevenir o Alzheimer em primeiro lugar. Ter uma cura aliviará milhões de pessoas e aqueles que as amam. O Alzheimer é um dos grandes desafios de saúde do século, afetando um número estimado de 5,4 milhões de pessoas. Então, muitos de nós se preocupam com isso. Mas acho que estamos aprendendo mais e mais todos os dias, e aprendendo que manter um bom estado de saúde pode nos proteger. (PO)