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Alejandro Toledo é preso nos EUA e luta para evitar extradição ao Peru

Autoridades dos EUA prenderam ontem o ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, a pedido da Justiça peruana, informou o Ministério Público em Lima. Segundo o MP peruano, a prisão foi intermediada pela Unidade de Cooperação Judicial internacional. Agora, o ex-presidente comparecerá à Justiça americana para dar início ao processo de extradição. Toledo tem contra si um mandado de prisão preventiva de 18 meses no âmbito da Operação Lava Jato no Peru. Ele é acusado de ter recebido propina de US$ 20 milhões para conceder à empreiteira Odebrecht a construção da Rodovia Interoceânica, quando foi presidente do Peru, entre 2001 e 2006. Ele também é acusado de crimes de tráfico de influência, conluio e lavagem de dinheiro. Toledo, de 73 anos, nega as acusações. O advogado de Toledo no Peru, Heriberto Benítez, disse à Rádio RPP que a prisão não indica necessariamente que a extradição será aprovada. Ainda de acordo com o advogado, a linha de defesa do ex-presidente peruano será alegar perseguição política. Para o jurista James Rodríguez, no entanto, o retorno de Toledo a Lima é uma questão de tempo. "O juiz nos EUA pode ordenar uma fiança ou, se encontrar algum perigo de fuga, determinar sua prisão", disse. "O MP peruano terá de provar o envolvimento de Toledo com casos de corrupção." O ex-presidente chegou a ser detido em março, no Dia de São Patrício, por dirigir embriagado, mas foi liberado logo depois. Ele vive nos EUA há alguns anos, onde leciona na Universidade Stanford. Toledo é investigado desde que Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru, revelou ter pagado propinas ao ex-presidente para que a construtora vencesse as licitações da construção de dois trechos da Rodovia Interoceânica. Barata disse aos promotores que o dinheiro foi depositado aos poucos, entre 2004 e 2010, nas contas do empresário peruano Josef Maiman, amigo pessoal de Toledo e usado como laranja pelo ex-presidente. Em março, Maiman assinou um acordo de colaboração com a Justiça e confirmou que a Odebrecht depositou não apenas US$ 20 milhões, mas US$ 35 milhões de propina nas contas do ex-presidente. Segundo o empresário, o dinheiro era posteriormente repassado à Ecoteva, uma companhia que tem a sogra de Toledo, Eva Fernenbug, como sócia. O advogado criminalista César Nakazaki disse que o processo de extradição contra Toledo "pode demorar de seis a oito meses e será uma dura batalha legal para o Peru". A Odebrecht admitiu, em 2016, nos EUA, que pagou subornos no Peru no total de US$ 29 milhões, entre 2005 e 2014, para a obtenção de seis contratos. Dois deles são referentes à construção de uma estrada que uniu o Brasil ao Peru durante o governo Toledo. Outros dois contratos correspondem à construção do metrô de Lima, que foi executada durante o segundo governo do presidente Alan García, entre 2006 e 2011. Toledo é um dos quatro ex-presidentes do Peru envolvidos na Lava Jato. Todos receberam mandados de prisão preventiva depois das investigações. Ollanta Humala chegou a ficar preso por nove meses e foi libertado após decisão judicial. Pedro Pablo Kuczynski teve a pena transferida para prisão domiciliar em consequência da idade avançada e Alan García cometeu suicídio quando os policiais foram até sua residência prendê-lo. Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori e principal nome da oposição, também está presa, acusada de ter recebido propinas da Odebrecht para sua campanha presidencial, em 2011. (Coma agências internacionais) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.