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Latinos e caribenhos vivem 'epidemia de obesidade'


Uma ;epidemia de obesidade; atinge a América Latina e o Caribe, alerta um informe divulgado pela Agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o documento, quase 25% da população é obesa e 60% dos habitantes da região têm sobrepeso, ao mesmo tempo em que o número de pessoas em situação de insegurança alimentar aumenta pelo terceiro ano consecutivo.

Os autores do informe atribuem o ;problema de saúde pública cada vez mais grave; a um ;triplo ônus da má nutrição;, composto pela subalimentação, pela obesidade e pela falta de micronutrientes. ;O fenômeno parece seguir avançando (;) especialmente para os setores pobres da população, as mulheres, as populações autóctones, as pessoas de ascendência africana e, em certos casos, as crianças;, frisam.

Claramente superiores ao nível médio mundial há mais de 40 anos, as taxas de sobrepeso e de obesidade da América Latina e do Caribe são comparáveis às dos países de alta renda. Atualmente, a região fica na segunda posição na classificação mundial, atrás apenas da América do Norte, segundo o documento.

O custo do alimento para os consumidores pobres é um dos fatores que explicam o problema, segundo os analistas. Outro é o aumento do consumo de proteínas de origem animal em uma região na qual a dieta costumava ser rica em cereais, raízes, tubérculos e legumes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), outra agência das Nações Unidas, recomenda que a proporção de açúcares e gorduras não supere 10% e 30%, respectivamente, das calorias totais consumidas. ;Mas parece que os hábitos alimentares da região não concordam com o que é pregado;, destaca o informe.

Medidas
O documento aponta algumas iniciativas de políticas públicas para enfrentar o problema. Entre elas a limitação da publicidade de alimentos e bebidas processados, a adoção de rótulos nutricionais detalhados nas embalagens, medida implementada pelo Chile, e a lei sobre alimentação nas escolas, criada no Brasil.

Outro ponto sugerido é um maior equilíbrio entre o potencial da indústria alimentícia da região e o acesso desse produtos à população. Segundo a FAO e a OCDE, a América Latina e o Caribe respondem por 14% da produção agrícola mundial e por 23% das exportações mundiais de produtos agrícolas e pesqueiros.

Ainda assim, muitas famílias não podem pagar os alimentos de que necessitam ou proteger seus recursos naturais. ;Garantir um caminho mais sustentável e inclusivo para o futuro crescimento agrícola dependerá dos avanços nas áreas de nutrição, proteção social e ambiental e apoio à subsistência;, aconselham os autores do documento.