[SAIBAMAIS] O pedido iraniano foi apresentado na quinta-feira (4/7) à noite ao embaixador britânico em Teerã, que foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores, indica o comunicado, que também afirma que o petroleiro foi interceptado em "águas internacionais".
Diante das suspeitas de que transportava petróleo para a Síria, o que representaria uma violação das sanções europeias contra Damasco, o "Grace 1" foi interceptado na quinta-feira na costa do território britânico de Gibraltar, no extremo sul da península Ibérica.
Na quinta-feira (4/7) à noite, Teerã anunciou que convidou o embaixador britânico, Rob Macaire, para apresentar um protesto.
Durante a reunião com Macaire, as autoridades iranianas afirmaram que a captura do petroleiro era "inaceitável" e pediram a Londres a "liberação imediata" do navio, "por ter sido interceptado a pedido dos Estados Unidos, segundo as informações de que dispomos atualmente", afirma o comunicado da diplomacia de Teerã.
Esta forma de agir é "absolutamente idêntica à política brutal dos Estados Unidos, contra a qual os países europeus sempre protestaram", completa a nota oficial.
O texto afirma ainda que "foram entregues ao embaixador britânico documentos sobre o petroleiro e sobre sua carga, que mostram que a viagem do navio era perfeitamente legal".
Em uma mensagem publicada no Twitter e divulgada pela agência Mehr, o líder iraniano ultraconservador Mohsen Rezai menciona a possibilidade de adoção de represálias contra os britânicos.
"Em 40 anos de história, a Revolução Islâmica nunca provocou nenhuma tensão, mas diante da arrogância, nunca hesitamos em responder", escreveu Renzai, secretário do Conselho de Discernimento, um cargo importante do sistema político iraniano.
"Se a Grã-Bretanha não liberar o #petroleiro_iraniano, as autoridades responsáveis devem atuar reciprocamente e interceptar e capturar um petroleiro britânico", completou.
A retenção do "Grace 1", de bandeira panamenha, aconteceu poucos dias depois do anúncio do Irã de que excederá o limite de urânio enriquecido estabelecido pelo acordo internacional de 2015, em um contexto de grandes tensões com Washington, o que provoca o temor de um conflito na região estratégica do Golfo.
O navio, de 330 metros de comprimento, foi detido na madrugada de quinta-feira pela polícia e pelos agentes alfandegários de Gibraltar, auxiliados por um destacamento da Marinha britânica.
As autoridades britânicas afirmam que o navio foi abordado quatro quilômetros ao sul do Rochedo de Gibraltar, em uma área usada por embarcações para carregar suprimentos, principalmente alimentos, que Gibraltar considera águas britânicas.
Uma informação questionada pela Espanha, que reivindica a soberania sobre o território de Gibraltar e considera as águas como espanholas.
A pedido dos Estados Unidos
O Irã insiste em que o petroleiro navegava por águas internacionais e o Ministério das Relações Exteriores descreveu a ação do Reino Unido como um ato de "pirataria".
"O Reino Unido não tinha nenhum direito de impor as próprias sanções unilaterais, ou as da União Europeia, de forma extraterritorial contra outros países", afirmou o Ministério iraniano.
Fabian Picardo, chefe de Governo de Gibraltar, declarou que o território tinha razões para acreditar que o "Grace 1" "transportava a carga de petróleo cru para a refinaria de Banias, na Síria, propriedade de uma entidade submetida às sanções da União Europeia contra a Síria".
O ministro espanhol das Relações Exteriores, Josep Borrell, disse que a operação obedeceria a um "pedido dos Estados Unidos ao Reino Unido".
Gibraltar, no entanto, afirma que atuou por iniciativa própria e não seguiu ordens de outros governos.
"Não houve nenhum pedido político, em nenhum momento, de nenhum governo. As decisões de Gibraltar foram tomadas de forma independente, baseadas nas violações das leis existentes e não em considerações políticas externas", afirmou o governo do território em um comunicado.
Além disso, a justiça de Gibraltar ampliou nesta sexta por 14 dias a retenção do petroleiro ilraniano interceptado.
A Síria é objeto, desde o início do conflito em 2011, de sanções internacionais, que impactam, sobretudo, o setor de petróleo.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, celebrou a ação do Reino Unido.
"Excelentes notícias: o Reino Unido deteve o super petroleiro ;Grace I; carregado com petróleo iraniano com destino à Síria, em violação às sanções da UE", escreveu no Twitter.