A Venezuela libertou 22 pessoas na noite de quinta-feira, 4, incluindo os emblemático casos da juíza María Lourdes Afiuni e do jornalista Braulio Jatar, informou nesta sexta-feira, 5, a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Na véspera, Bachelet divulgou o relatório sobre a visita que fez ao país entre os dias 19 a 21 de junho no qual apontou uma série de violações do governo chavista, além do fato de uma força de elite criada pelo presidente Nicolás Maduro ter sido responsável pela morte de mais de 5,7 mil pessoas no ano passado e de outras 1,5 mil neste ano.
Sobre os libertados pelo governo, Bachelet divulgou apenas os nomes da juíza e do jornalista. Um porta-voz da Alta Comissária, no entanto, informou que os outros 20 são estudantes que estavam sob custódia de Caracas.
María Lourdes foi presa em dezembro 2009 depois de o ex-presidente Hugo Chávez exigir sua detenção. Ela ficou em prisão domiciliar entre 2011 e 2013, quando passou para liberdade condicional. Em março deste ano, no entanto, um tribunal venezuelano emitiu uma nova sentença de cinco anos de prisão para ela.
Já o jornalista Braulio Jatar, que também possui a cidadania chilena, foi preso em setembro de 2016 na Ilha de Margarita um dia depois de um protesto contra Maduro. O episódio agravou as relações diplomáticas entre Santiago e Caracas.
Maduro teria visitado o bairro popular de Villarosa, mas acabou cercado por manifestantes contrários a seu governo e teve de deixar o local. O jornal eletrônico de Jatar, chamado Reporte Confidencial (Relatório Confidencial, em tradução livre), teria sido um dos primeiros veículos de imprensa a divulgar um vídeo do episódio.
'Relatório parcial'
A delegação da Venezuela no Conselho de Direitos Humanos criticou nesta sexta-feira o relatório apresentado por Bachelet sobre a situação no país, que considerou "parcial e cheio de graves erros metodológicos".
"O documento é dominado por uma visão seletiva e parcial, carente de rigor científico e com graves erros metodológicos", ressaltou o vice-ministro venezuelano de Relações Exteriores, William Castillo, na sua réplica ao relatório apresentado pelo alto Escritório das Nações Unidas de Direitos Humanos, comandado por Bachelet.
"A senhora sabe que o relatório não reflete a realidade do que viu no nosso país", acrescentou o diplomata em referência à viagem da ex-presidente chilena ao país.
Castillo argumentou suas críticas no fato de que das 558 entrevistas realizadas para a elaboração do relatório, 460 aconteceram fora da Venezuela (segundo Bachelet explicou previamente, com migrantes e refugiados venezuelanos atualmente em Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Espanha).
"Além disso, o documento ignora os graves impactos que o ilegal, criminoso e imoral bloqueio econômico está exercendo sobre a vida do nosso povo", acrescentou o vice-ministro, exigindo uma "correção de seu conteúdo".
O relatório - cuja publicação coincide com a comemoração do Dia Nacional da Venezuela, como lembrou Castillo - pede ao Governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para acabar com "o grave ataque aos direitos" no país.
Entre outras coisas, o documento denuncia que, especialmente desde 2016, o regime de Maduro e suas instituições iniciaram uma estratégia "orientada a neutralizar, reprimir e criminalizar a oposição política e quem criticasse o governo" com detenções arbitrárias, maus-tratos e torturas. (Com agências internacionais).