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EUA comemoram o Dia da Independência com Trump no centro das festividades

Trump levou à festa um tom político, com ares de camapnha, o que irritou a oposição

Os Estados Unidos comemoram nesta quinta-feira o feriado nacional de 4 de julho com uma festa diferente: na capital, o Dia da Independência terá seu tradicional show de fogos de artifício, mas o presidente Donald Trump será o protagonista de uma celebração até agora de tom apolítico.

"FELIZ 4 DE JULHO", tuitou Trump logo cedo, depois de ter prometido que a festa "será o espetáculo de uma vida". Trump levou para a festa um clima mais político, ao pedir em seu discurso apoio para as Forças Armadas e unidade nacional, com base no "espírito" que forjou o país.

"Hoje nos unimos como uma nação nesta saudação tão especial aos Estados Unidos", disse Trump no discurso. "Celebramos nossa história, nosso povo e os heróis que orgulhosamente defendem nossa bandeira: os valentes homens e mulheres do Exército dos Estados Unidos."

Trump, acusado pela oposição de querer se apropriar da emblemática celebração do 4 de julho com um inédito desfile militar, fez um tributo à história do país e ao "espírito" de seus fundadores, que o mantiveram forte. "Ao nos reunirmos esta noite na alegria da liberdade, recordamos que todos compartilham uma herança verdadeiramente extraordinária. Juntos somos parte de uma das melhores histórias já contadas: a história dos Estados Unidos".

"Enquanto nos mantivermos fiéis a nossa causa, enquanto recordarmos nossa grande história, e enquanto não deixarmos de lutar por um futuro melhor, não haverá nada que os Estados Unidos não poderão fazer", disse o presidente.

A Casa Branca, por sua vez, prometeu "as maiores festividades de 4 de julho na história" da capital federal dos Estados Unidos. Com a exibição de tanques militares, o sobrevoo de caças e um discurso do Lincoln Memorial transmitido em horário nobre, o presidente, que já lançou sua campanha para a reeleição em 2020, tentou renovar a festa anual no centro de Washington.

Oposição reage

As novidades da programação do Dia da Independência imediatamente fizeram a oposição reagir e vários democratas do Congresso alertaram o presidente contra a tentação de um realizar "um comício de campanha" em rede nacional por ocasião da data nacional.

Porque o dia 4 de julho é geralmente um dia de trégua em os os americanos "agitam a bandeira nacional sem entrar em discussões políticas", observa o especialista em mídia Richard Hanley.

Em todo o país, a atmosfera é geralmente boa, com desfiles, fanfarras, churrascos e shows de fogos de artifício.

Como sempre, a comemoração do 243o. aniversário da independência dos Estados Unidos da Coroa Britânica incluiu o desfile na Avenida Constituição, bem como o concerto "A Capitol Fourth" nos Jardins do Capitólio à noite, com Carole King entre vários artistas, como os Muppets da "Vila Sésamo". E, claro, show pirotécnicos.

Mas este ano houve a "Saudação aos Estados Unidos" de Trump, que falou às 18h30 locais (19h30 de Brasília) nas escadas do monumento a Abraham Lincoln, o presidente que defendeu a unidade do país durante a Guerra Civil, o mesmo lugar em Martin Luther King pronunciou em 1963 seu famoso discurso "Eu tenho um sonho".

A mensagem à nação de Trump culminou com os sobrevoos "dos aviões mais modernos e avançados do mundo", além das piruetas dos caças F-35 e aparelhos do esquadrão Blue Angels da Marinha, tanques e veículos de combate estarão estacionados nas proximidades, embora não possam circular porque suas rodas poderiam danificar as ruas da cidade.

O vice-presidente Mike Pence não escondeu seu entusiasmo: "Será um grande show e uma incrível exibição das maravilhosas forças militares de nosso país", tuitou. De qualquer modo, os holofotes não estarão nas armas, nem nos fogos de artifício, mas em Trump. "Seu presidente favorito, eu", tuitou ao anunciar o evento.

Ego

Mas nem todos estão tão contentes que um feriado tão patriótico e historicamente mais cívico do que militar inclua um discurso presidencial de alto nível e uma demonstração de força militar.

"O ego (de Trump) é tão grande que vai realizar este comício de campanha em 4 de julho, em um chamado desesperado, e todos sabem disso", tuitou o líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer.

A CNN informou que os líderes militares, que por lei não podem participar de eventos políticos, estão preocupados com a politização da data.

O presidente insiste em que pode superar as divisões com seu discurso. "Acredito nisso, acho que vou atingir a maioria dos americanos", disse ele a jornalistas esta semana.

Os opositores de Trump planejam sua própria artilharia política no National Mall, a ampla esplanada de grama que vai do Monumento a Lincoln até o Congresso.

A organização progressista Code Pink instalará seu "Baby Trump", um enorme boneco inflável que mostra o presidente de fralda.

A inspiração de Trump para uma comemoração com tanta pompa e circunstância parece vir do desfile militar do Dia da Bastilha, do qual participou em 2017, convidado pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

Impressionado com a marcha de soldados e com a exibição de equipamento militar no centro de Paris, Trump brincou, na época, ao voltar para casa: "a gente tem que tentar superar isso".