O líder russo vai encontrar o presidente italiano Sergio Mattarella, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, assim como os dois vice-premiês e líderes políticos do governo populista, Matteo Salvini (Liga, extrema direita) e Luigi di Maio (Movimento 5 Estrelas, antissistema).
"As questões econômicas serão uma prioridade. Nosso comércio não está subindo ao nível de antes" das sanções impostas em 2014 (54 bilhões na época, 26,9 bilhões em 2018), ressaltou o conselheiro do Kremlin Yuri Ushakov.
Em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal italiano Corriere della Sera, Putin ressaltou a resiliência dos laços econômicos bilaterais: 500 empresas italianas representadas na Rússia, 4,7 bilhões de dólares de investimentos italianos na Rússia desde o começo do ano e 2,7 bilhões de investimentos russos na Itália.
A Rússia é atingida desde 2014 por sanções econômicas europeias e americanas sem precedentes devido à crise ucraniana.
O presidente russo também quer discutir com as autoridades italianas as relações Rússia-UE, Síria, Ucrânia, Líbia, bem como o programa nuclear iraniano.
E Vladimir Putin deverá encontrar bons ouvintes no governo populista italiano. Salvini é um de seus fervorosos admiradores.
O programa conjunto do governo Liga-M5S prevê fazer todo o possível para obter uma revisão das sanções contra a Rússia, enquanto a resposta russa pesa contra as exportações italianas.
Sem convite para o papa
Primeira etapa de sua visita, Putin se encontrará com o papa Francisco no Vaticano. Este será seu terceiro encontro - o anterior aconteceu em junho de 2015.
Na ocasião, Francisco estimulou o russo a "fazer um esforço significativo e sincero para alcançar a paz" na Ucrânia, sem chegar a condená-lo como os católicos ucranianos desejavam. A reunião durou 50 minutos. O papa pareceu pouco sorridente, mas seu anfitrião chegou uma hora atrasado.
Um passo gigantesco foi dado em fevereiro de 2016 durante um encontro histórico em Cuba entre Francisco e o patriarca ortodoxo russo Kirill, o primeiro em mil anos entre os líderes das duas maiores denominações cristãs.
Putin e o papa devem discutir "a preservação de locais sagrados cristãos na Síria", disse Ushakov, mas não uma possível viagem do papa à Rússia. Essa hipótese ainda desperta forte resistência dentro da Igreja ortodoxa russa, atravessada por uma corrente nacionalista e conservadora.
A Ucrânia, onde os rebeldes pró-russos do leste são em sua maioria ortodoxos ligados ao patriarcado de Moscou e lutam contra outros ortodoxos e gregos-católicos ligados a Roma, continua a ser um terreno delicado.
Após sua visita ao Vaticano, o presidente russo almoçará com Mattarella, antes de encontrar Conte. Depois, os dois vão discursar durante um fórum de diálogo russo-italiano.
Salvini e Di Maio participarão de um jantar oficial.
Antes de retornar à Rússia, Putin também encontrará, de maneira informal, seu amigo Silvio Berlusconi.