Os detalhes do incêndio que provocou 14 mortes na segunda-feira, dia 1º, em um submarino de pesquisas da Marinha russa não serão divulgados ao público por sigilo de Estado, anunciou nesta quarta-feira, 3, o governo.
"Esta informação não pode se tornar pública em sua totalidade. Está na categoria sigilo de Estado", afirmou o porta-voz de Kremlin, Dmitri Peskov, que considera a decisão "perfeitamente normal". "O Estado-Maior das Forças Armadas russas dispõe de uma informação completa sobre a tragédia", completou.
Quatorze marinheiros, entre eles sete capitães de primeiro escalão (o grau mais elevado dos oficiais de navegação) morreram na segunda-feira intoxicados pela fumaça provocada por um incêndio em um misterioso submarino destinado, segundo a versão oficial, ao estudo do fundo dos oceanos.
A tragédia só foi divulgada na terça-feira (2) e as informações fornecidas foram limitadas. O próprio presidente russo, Vladimir Putin, confirmou que se trata de um submarino "incomum".
De acordo com a imprensa russa o incêndio pode ter acontecido no submarino nuclear "AS-12", conhecido como "Locharik", concebido para pesquisas e operações especiais a grande profundidade.
Ainda segundo a imprensa local, a presença de vários oficiais a bordo sugere que o submarino não estava em uma missão comum.
Sobreviventes
Parte da tripulação do submarino acidentado conseguiu se salvar, confirmou nesta quarta-feira o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, durante reunião com a comissão que investiga o incêndio.
"Morreram 14 membros da tripulação, o restante se salvou", disse Choigu sem especificar o número de sobreviventes. O aparelho submersível, projetado para pesquisa, resgate e operações especiais, pode transportar até 25 tripulantes.
Citado pela agência de notícias "Interfax", Choigu destacou que os marinheiros mortos no incidente apagaram o fogo "à custa das suas próprias vidas", mas conseguiram "salvar seus companheiros e o veículo das águas profundas".
Putin já ordenou investigação completa para elucidar o que classificou de "tragédia". O presidente russo encarregou Shoigu de viajar a Severomorsk, uma área militar de acesso muito restrito no Ártico, para comandar a investigação.
Este incidente lembra a tragédia do submarino nuclear Kursk, joia da frota russa, que afundou com 118 tripulantes a bordo em 12 de agosto de 2000, no início do primeiro mandato de Putin.
O Kursk sofreu a explosão de um de seus torpedos, o que desencadeou a destruição de todo o depósito de munições e fez o aparelho descer a 110 metros de profundidade.
Apesar de 23 tripulantes terem sobrevivido por vários dias depois da explosão, todos morreram por não terem sido resgatados a tempo. (Com agências internacionais).