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Fragata russa que está em Cuba deve ir para Venezuela

Putin quer instalar um complexo de manutenção para receber navios e aeronaves da Rússia em missão de observação de longa duração

A fragata russa 417-Gorshkov, armada com mísseis Kalibr, deve deixar o porto de Havana, onde atracou há três dias, e seguir para a Venezuela. A escala ainda não foi oficialmente confirmada mas, ontem, era tratada como "muito possível" pelo porta-voz do Ministério da Defesa venezuelano. Na segunda-feira, um jato de transporte Ilyushin-62 da Força Aérea da Rússia aterrissou no terminal Simon Bolívar, em Maiquetía - a bordo, técnicos e muitos contêineres de material não identificado.

A visita da flotilha liderada pela fragata 417 e integrada pelo navio logístico Elbrus e pelo rebocador oceânico Nikolai Chiker, apoiados pelo petroleiro leve Kama, é uma expressão clara do apoio do governo do presidente Vladimir Putin ao regime do presidente Nicolás Maduro. Até 2017, a conta corrente de Caracas aberta por Moscou desde 2005 no mercado de equipamentos militares, chegava perto de US$ 10 bilhões. Putin quer instalar um complexo de manutenção para receber navios e aeronaves da Rússia em missão de observação de longa duração. Puerto Cabello, ao norte, é o local preferido. O grupo da fragata está navegando desde fevereiro. Percorreu até agora 51 mil quilômetros a partir de Severomorsk.

A Gorshkov é moderna, entrou em operação há apenas um ano. É a primeira de uma série de 15 "poderosas plataformas múltiplas de combate", segundo o comandante da Marinha, almirante Vitor Chircov. O navio desloca 5.400 toneladas, mede 120 metros e leva uma tripulação de 190 marinheiros, mais 20 especialistas da aviação embarcada - a bordo segue um helicóptero Ka-27 Kamov, equipado para a luta contra submarinos. Tem autonomia para 30 dias no mar, com alcance de 8.980 km. O arsenal da fragata é grande. Além de um canhão de 130 mm de tiro rápido e metralhadoras, conta com ao menos dois sistemas Kashtan-M, dotados de canhões rotativos de 30mm e lançadores de mísseis antiaéreos leves para proteção.

O verdadeiro poder de ataque está no mix de três diferentes mísseis, os Kalibr de cruzeiro entre eles. Com raio de ação entre 50 km até 2.500 km, podem ser carregados com ogivas explosivas de meia tonelada - ou nucleares. O sistema digital de navegação, muito preciso, é equivalente ao do modelo americano Tomahawk.

Provado em fogo real nas operações das forças russas na Síria, o Kalibr teria sido empregado nos bombardeios - lançados de alto mar - que neutralizaram as instalações da infraestrutura dos rebeldes contrários ao ditador Bashar Assad. Também atingiram e destruíram o quartel-general do califado proclamado em 2014 pelo Estado Islâmico sobre 40% do país.