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Maduro denuncia novo complô

Governo chavista alega que opositores pretendiam assassinar o presidente e colocar em seu lugar um general reformado que vive na República Dominicana. Pelo menos seis militares estariam detidos


Cinco meses depois de o líder oposicionista Juan Guaidó ter sido proclamado presidente interino pela Assembleia Nacional, o governo chavista da Venezuela anunciou ontem ter desbaratado uma tentativa de golpe de Estado contra o presidente Nicolás Maduro. O plano, segundo as autoridades, incluía o assassinato de Maduro e a instalação de um general reformado ; não de Guaidó ; como chefe de Estado.

;Peço a todo o povo da Venezuela que se intere dessas circunstâncias e que unamos forças políticas e morais para repudiar essa tentativa revelada de golpe de Estado e de assalto ao poder político;, escreveu o presidente no Twitter. ;Basta de fascismo!”

;Estivemos em todas as reuniões para planejar o golpe de Estado, estivemos em todas as conferências;, relatou o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, ao indicar que houve infiltrados. O complô envolveria oficiais da ativa e da reserva e deveria ter sido executado entre domingo e segunda-feira últimos.

Pelo menos seis dos envolvidos estão detidos, acrescentou Rodríguez, que falou sobre o incidente pela televisão. A emissora oficial apresentou o depoimento de um dos detidos, o tenente Carlos Saavedra, e gravações de uma videoconferência em que, supostamente, os envolvidos discutiram a intentona.

Quatro dos miltares foram presos na sexta-feira passada, de acordo com o que Guaidó denunciou na terça-feira, sem detalhar as razões. Além deles, o presidente interino proclamado pela oposição mencionou outro militar e dois comissários da polícia científica.

O tenente Saavedra disse que ele é sobrinho do general da reserva Ramón Antonio Lozada Saavedra, preso na quarta-feira no estado de Barinas (oeste) por agentes da inteligência. De acordo com o ministro, com o depoimento de Saavedra e com as conferências, o plano do levante incluía a tomada de três destacamentos ; entre eles, a base aérea de La Carlota, em Caracas ; e a fuga do general reformado Raúl Baduel, que seria proclamado presidente.

Ironias
;É um golpe de Estado militar contra Guaidó ou contra o presidente Nicolás Maduro?;, ironizou Rodríguez, criticando o líder da oposição, proclamado presidente em 23 de janeiro pela Assembleia Nacional, órgão legislativo dominado pela oposição desde o fim de 2015 e dissolvido por Maduro, que o substituiu por uma Assembleia Constituinte 100% chavista. Guaidó é reconhecido como chefe de Estado por 50 países, inclusive os Estados Unidos e o Brasil.

Baduel, que foi ministro da Defesa do presidente Hugo Chávez (1999-2013), foi rebaixado por Maduro em 2018, ao lado do general Antonio Rivero. Segundo o governo, Rivero estaria atualmente na República Dominicana e teria liderado a conspiração. Rodríguez disse que EUA, Colômbia e Chile se uniram para executar o suposto plano, que previa levar Baduel de helicóptero para território colombiano, caso o golpe fracassasse.

Guaidó desconsiderou a denúncia que o vincula ao suposto levante, mas advertiu que vai insistir com os militares para que rompam com Maduro, como vem fazendo desde janeiro. ;A imprensa já perdeu a conta de quantas vezes houve acusações reiteradas sobre isso. O chamado que vimos fazendo e continuamos fazendo é à família militar, às Forças Armadas, para que se ponham ao lado da Constituição.;


;Peço ao povo da Venezuela que repudie essa tentativa de assalto ao poder político;
Nicolás Maduro,
presidente da Venezuela


;É um golpe de Estado militar contra Guaidó
ou contra o presidente Nicolás Maduro?;

Jorge Rodríguez, ministro da Comunicação da Venezuela