Jornal Correio Braziliense

Mundo

O perigo dos bairros incontornáveis


Um estudo publicado ontem, na revista Environment International, revela que morar em um bairro em que é difícil para os moradores se locomoverem pode fazer mal à saúde. O estudo, conduzido por cientistas canadenses, se baseou em dados de cerca de 2,5 milhões de adultos de 15 municípios de Ontário. A equipe concluiu que viver em bairros incontornáveis, ou seja, com baixa capacidade de circulação, sem permitir oportunidades para os indivíduos caminharem enquanto realizam tarefas diárias, como fazer compras ou ir ao trabalho, está associado à maior probabilidade de ter diabetes ou hipertensão.

;Pesquisas anteriores mostraram que os indivíduos que vivem em bairros de subúrbio, mais isolados da cidade grande, são mais ativos fisicamente, com benefícios à saúde, como taxas mais baixas de sobrepeso e obesidade, hipertensão e diabetes;, afirma, em comunicado, Gillian Booth, coautor do estudo e cientista do St. Michael;s Hospital. Segundo ele, os resultados do novo estudo confirmam a importância da mobilidade urbana. ;A poluição do ar e o trânsito estão altamente interligados, potencialmente diminuindo quaisquer benefícios à saúde derivados da vida em comunidades urbanas tranquilas;, diz.

Bicicletas
Segundo a equipe de cientistas, até a qualidade de vida em bairros contornáveis pode ser prejudicada pela poluição do ar provocada pelo trânsito. ;Indivíduos que vivem em bairros altamente acessíveis tendem a ser mais propensos a escolher formas ativas de transporte, como caminhar e andar de bicicleta, como alternativa à direção. Mas eles podem estar mais expostos à poluição do ar com base simplesmente na quantidade de tempo que passam fora;, explica Nicholas Howell, pesquisador no St. Michael;s Hospital e colíder da pesquisa.

Os pesquisadores acreditam que esses resultados sugerem que as políticas destinadas a incentivar o desenvolvimento de bairros acessíveis devem considerar estratégias para mitigar a exposição dos moradores à poluição do ar. ;Iniciativas para criar comunidades que possam ser percorridas e, ao mesmo tempo, diminuir as fontes de poluição automotiva têm a promessa de colher ainda mais benefícios à saúde e causar um impacto mais forte sobre a saúde dos indivíduos;, ressalta Howell.