Ao lançar ontem a iniciativa Paz para a prosperidade, a primeira parte de um plano de paz para israelenses e palestinos, Jared Kushner ; genro e assessor de Donald Trump ; assegurou que o fim das hostilidades entre os dois povos depende da melhoria nas condições de vida na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. ;Concordar com um caminho econômico é precondição necessária para o que antes era uma situação política insolúvel;, declarou Kushner, durante conferência em Manama, capital do Bahrein, que reuniu ministros de países árabes e foi marcada pela ausência de representantes de Israel e da Autoridade Palestina. De acordo com o jornal The Jerusalem Post, Kushner afirmou que os palestinos têm ficado presos a uma ;estrutura ineficiente do passado;. O plano da Casa Branca prevê investimentos de US$ 50 bilhões em 179 projetos de infraestrutura, comércio, turismo e educação. Desse montante, US$ 28 bilhões serão aplicados nos territórios palestinos.
Especialistas consultados pelo Correio têm fortes ressalvas em relação à iniciativa, descrita pelos Estados Unidos como ;o mais ambicioso e abrangente esforço internacional voltado para o povo palestino;. Para Alon Ben-Meir, professor de relações internacionais da Universidade de Nova York, os palestinos deveriam ter participado do encontro no Bahrein e exigido que os representantes das nações árabes fizessem um apelo pela criação de um Estado palestino independente. ;Eles tinham de deixar claro que o foco econômico da conferência precisa ser parte de um processo de paz mais amplo. Os palestinos sempre foram vistos como rejeicionistas e, ao não comparecer, simplesmente reforçam essa percepção;, afirmou.
;Se um bom plano de paz quer dizer um arranjo que permita a ambos os povos coexistirem em uma estrutura baseada na igualdade, então creio que as condições políticas para tanto não existem;, disse Richard Falk, professor de direito internacional pela Universidade de Princeton e ex-relator especial da ONU para a Palestina Ocupada (2008-2014). Ele acredita que Israel se vale do apoio dos Estados Unidos para alcançar um resultado que ratifique legalmente a extensa rede de assentamentos judaicos montada na Palestina, em violação à lei internacional. ;Ante o balanço de forças na região, Israel não se sente pressionado a firmar um compromisso político com a Autoridade Palestina e parece, com o apoio de Kushner, realizando esforços para impor uma solução baseada em alegações de uma vitória própria. Acho que tal esforço fracassará. O compromisso palestino com sua luta nacional permanece forte.; (RC)
Eu acho...
;Segundo o plano, os palestinos terão uma vida melhor, em termos de renda, se abdicarem de demandas políticas e aceitarem as colônias, o controle sobre Jerusalém e nenhum direito de retorno aos refugiados. Trump sinaliza à liderança palestina que não tem perspectivas políticas, e o melhor que eles podem esperar é aprimorar a economia.;
Richard Falk, professor de direito internacional pela Universidade de Princeton e ex-relator especial da ONU para a Palestina Ocupada