Não foi preciso esperar até a primeira reunião do novo Parlamento Europeu para ter a confirmação de que a fragmentação política expressa nas eleições dos últimos dois ou três anos nos principais países do continente retrata uma situação mais complexa. O Conselho Europeu, cúpula política da União Europeia(UE), reuniu-se na quinta-feira, em Bruxelas, na tentativa de costurar ao menos um acordo majoritário para a recomposição dos cargos centrais da União Europeia (UE). A dispersão de forças, porém, levou os governantes dos 28 países-membros, que formam o Conselho, a empurrar alguma decisão para o próximo domingo, quando voltam a se encontrar, em Bruxelas. Dois dias depois, a nova legislatura do Parlamento Europeu se reúne pela primeira vez, em Estrasburgo, para deliberar sobre o nome indicado pelos governantes para presidir a Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE).
Em meio às tensões irresolvidas do Brexit, que se prolongam com a indefinição política no Reino Unido, os líderes políticos do bloco europeu voltam a se encontrar diante de uma nova realidade que faz parte, hoje, do cotidiano dos principais países-membros, como Alemanha e França ; até aqui, os alicerces do projeto de integração continental. Além de escolher o próximo presidente da CE e os novos titulares de mais três postos-chave do bloco, os chefes de Estado e de governo fracassaram em chegar a um acordo em torno da agenda estratégica do bloco para os próximos quatro anos, um menu que tem em lugar central um programa para enfrentar as mudanças climáticas nos próximos anos.
Os arranjos centrais da UE e da CE, nas últimas décadas, repousaram em uma maioria estável mantida pelas duas principais forças políticos do bloco continental: o Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita) e os Socialistas e Social-Democratas (centro-esquerda). Detentor da maior bancada, após a nova votação, o PPE credenciou-se a inciar o próximo presidente da CE e repartir com os parceiros os principais postos. Mas esse tipo de arranjo, que reproduzia até quatro anos atrás a relação interna de forças na maior parte dos países do bloco, não basta, agora, para reproduzir a realidade surgida nas últimas eleições europeias, no fim de maio, com o ascenso dos ecologistas, dos liberais e de um difuso bloco composto por adversários da UE e populistas de extrema direita.
;O antigo debate entre esquerda e direita está morrendo;, atesta Thomas Valasek, diretor do Carnegie Europa ; um centro de estudos que tem na União Europeia. ;A divisão, hoje, é entre quem defende sociedades abertas ou fechadas;, diz. Em termos, é esse o reultado que saiu das urnas no fim de maio. É uma tendência que ajuda a explicar a ascensão dos ecologistas.
Clima
Por trás da votação histórica recebida pelos verdes em diferentes, está um fator que foi capaz de não aperas impulsionar a posição dos ecologistas no Parlamento Europeu, mas de fazer deles uma força mais que deve ser considerada. A agenda etratégica para 2024, um dos pontos centrais do próximo quadriênio nas instituições europeias, contempla a questão das mudanças climáticas como um dos itens principais, Nenhuma das forças políticas europeias poderá fazer ouvidos de mercador às questões colocadas por manifestantes nos últimos meses,, nas várias de muitas capitais europeias.
E, no entanto, um acerto sobre o tema entre os governantes europeus passou ao largo das discussões. Os governantes reunidos na sexta-feira em Bruxelas preferiran deixar aos burocratas do bloco uma decisão sobre as metas a serem assumidas pelo bloco para a contenção das emissões de carbono. O impasse não evita, porém, que Carmino Mortera-Martínez, analista do Centro Europeu para Reformas, analise a nova situação como um momento no qual os verdes serão um fator para a definição de rumos da UE. ;Está claro que eles terão um papel muito importante, daqui para a frente, na definição das políticas do bloco;, avalia Camino Mortera-Marftinez, analista do Centro para Reformas na Europa.
Escolhas de risco
O que os dirigentes europeus decidirão
Comando da UE
O antigo debate entre esquerda e direita está morrendo.
A divisão, hoje, é entre quem defende sociedades abertas ou fechadas;
A divisão, hoje, é entre quem defende sociedades abertas ou fechadas;
Thomas Valasek,
diretor do centro de estudos Carnegie Europa
Escolhas de risco
O que os dirigentes europeus decidirão
Comando da UE
Presidente da Comissão Europeia
É quem concatena as discussões entre os governantes do bloco e define a pauta de discussões políticas no bloco. Como chefe do braço executivo, tem papel central na condução das orientações definidas para o bloco. O atual titular, que deixa o cargo no fim de outubro, é o ex-premiê de Luxemburgo Jean-Claude Juncker.
Presidente do Conselho Europeu
Como uma espécie de chefe de Estado da UE, preside as reuniões entre os chefes de Estado e de governo do bloco e tem a primazia para definir a condução política. Não tem função executiva, ao contrário do presidente da CE, mas define a agenda política do bloco e coordena a articuação entre os governos dos países-membros.
Presidente do Banco Central Europeu
É o encarregado de zelar pela estabilidade do euro e pelo compromisso dos sócios do bloco com a austeridade fiscal. Pela posição que ocupa, tem contato privilegiado com as autoridades monetárias dos países-membros e determina políticas comuns, com peso obrigatório para os governos que integram a ;zona do euro;.
Ato representante para Política Externa
O cargo, que equivale ao de ;chanceler; da UE, faz de seu ocupante uma peça-chave no jogo político internacional. A atual ocupante, a ex-chanceler italiana Federica Mogherini, foi peça-chave no acordo nuclear fechado em 2015 por um grupo de potências mundiais com o governo do Irã. Teve, igualmente, papel importante em negociações com o governo da Venezuela